Resumo
A anemia falciforme (AF) é uma anemia hemolítica causada pela herança da hemoglobina S (Hb S) em homozigose. Na sua fisiopatologia, a inflamação é componente fundamental, podendo ocorrer de forma aguda e crônica. De modo geral, a quantidade de leucócitos e de citocinas pró-inflamatórias estão elevados na doença e associados à gravidade clínica apresentada pelos pacientes. Nesse contexto, o fator transformante do crescimento beta (TGF-beta) é uma citocina fundamental na homeostase imune e vascular, e sua principal via de atuação ocorre de maneira dependente de proteínas intracelulares transdutoras de sinal (SMADs). Estudos mostram que o TGF-beta contribui para a resolução de condições inflamatórias, principalmente devido à polarização de neutrófilos (N1 para N2) e macrófagos (M1 para M2), e que sua atividade pode ser estimulada pelo dimetilsulfóxido (DMSO), que tem a capacidade de aumentar a disponibilidade de receptores na membrana das células. Assim, o objetivo do estudo é avaliar os efeitos anti-inflamatórios do TGF-beta1 na AF e verificar se essa ação pode ser favorecida pelo estímulo de sua via de sinalização canônica, com DMSO. Para isso, neutrófilos e macrófagos de pacientes com AF serão isolados e submetidos a diferentes tratamentos com TGF-beta e DMSO, para posterior avaliação da sua ativação, polarização, produção de citocinas e propriedades adesivas. Os tratamentos mais eficazes serão reproduzidos in vivo, utilizando-se camundongos transgênicos Berkeley, um modelo animal para AF. Os efeitos do TGF-beta e DMSO na produção de citocinas, bem como no recrutamento de leucócitos na microcirculação e nos processos vaso-oclusivos, serão avaliados. Os resultados obtidos contribuirão para elucidar a participação do TGF-beta e sua via de sinalização na AF, bem como sugerir novas estratégias de tratamento para conter a exacerbação da resposta inflamatória na doença.
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