Resumo
A Literatura sobre a Bahia no período 1889-1937 é marcada pela tese de que o Estado, na Colônia e no Império, gozara riqueza, proeminência cultural e política, mas decaíra até a estagnação e marginalidade na República. Presente em estudos clássicos e recentes, a imagem da decadência, paralisia e atraso dificulta desdobramentos potenciais da história política. No entanto, a Bahia integra um seleto grupo de estados cuja relevância política e divisionismo interno tornaram-nos cruciais para a renovação das pesquisas sobre competição e participação política na I República e nos anos 1930. Suas elites políticas foram capazes de articular interesses na política nacional, dinamizando-a ao protagonizar episódios como a Campanha Civilista nas eleições de 1910 e a Reação Republicana nas eleições de 1922. Na República, certa ampliação do conjunto de eleitores e do sistema representativo, a diversidade de jornais, a pluralidade de partidos e as dissidências intraelites exigiam arregimentação político-eleitoral, inclusive entre os egressos do cativeiro. Após conquistar o poder na Bahia de fora para dentro, isto é, por imposição do governo federal, lideranças como José Joaquim Seabra e Juraci Magalhães precisaram articular-se com eleitores, trabalhadores urbanos, sindicatos e lideranças populares para expandir raízes eleitorais no estado. A partir de alinhamentos propiciados por eleições, esse projeto de pesquisa propõe investigar em que medida negros e pobres entravam nos cálculos de líderes e partidos acossados por divisionismo e instabilidade política e obcecados pela idéia de (re)conquistar prestígio para a Bahia na política brasileira. (AU)
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