Resumo
Narcissia trigonaria Sladen, 1889, foi descrita com base em apenas um exemplar, juvenil, proveniente do litoral da Bahia, Brasil (Sladen, 1889). A utilização de exemplares juvenis, exclusivamente, na descrição de novas espécies engendra uma série de dificuldades ligadas, em resumo, às grandes variações morfológicas que ocorrem durante a ontogenia dos Asteroidea. No caso de N. trigonaria, por se tratar de exemplar único há ainda, obviamente, a impossibilidade de se avaliar eventuais variações morfológicas intraespecíficas. Adicionalmente, a descrição original de N. trigonaria contém uma profusão de referências subjetivas aos caracteres morfológicos. A falta de mensuração de algumas estruturas dificulta o entendimento inequívoco da morfologia e, consequentemente, comparações futuras com outros exemplares e com outras espécies. De fato, N. trigonaria Sladen, 1889 stricto sensu é muito mal conhecida. Bem mais de um século após a sua descrição original, a espécie ainda hoje nunca foi redescrita com base em exemplares adultos provenientes da localidade tipo (Bahia, Brasil). Na realidade, a maioria dos trabalhos sobre N. trigonaria restringem-se à registros de ocorrência geográfica ou ressaltam discrepâncias morfológicas entre espécimes de localidades diversas, ou com os caracteres mencionados na literatura. Na certa, o acúmulo de tantas e tais imprecisões e a caracterização morfológica precária de Narcissia trigonaria Sladen, 1889, str. s. conduziu à situação que temos hoje: uma espécie com ampla distribuição geográfica (~ 20°N a 24°S) e morfologicamente diversa. Esta proposta tem como objetivo geral revisar a taxonomia de N. trigonaria Sladen, 1889 lato sensu ao longo de toda a sua área de distribuição a partir de estudos morfológicos. (AU)
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