Resumo
A ordem Osteoglossiformes representa uma das mais antigas linhagens de Teleósteos que, juntamente com sua ampla distribuição geográfica, torna este grupo um objeto importante para estudos sistemáticos, biogeográficos e evolutivos. Atualmente, espécies viventes dessa ordem são encontradas em diversos rios e lagos da América do Sul, África, Ásia e Austrália. Tal distribuição pode ter contribuído para a diversidade presente neste grupo, possivelmente devido à necessidade das espécies de se adaptarem aos diferentes ambientes onde ocorrem. Das 06 famílias atualmente descritas, 03 delas apresentam uma distribuição restrita ao continente Africano (Pantodontidae, Mormiridae e Gymnarchidae), enquanto que as outras 03 (Arapaimidae, Notopteridae e Osteoglossidae), se encontram distribuídas em distintos continentes. Considerando sua origem muito antiga (~ 227 milhões de anos), esse padrão atual de distribuição poderia ser decorrente de eventos vicariantes ocorridos após a divisão da Gondwana, ainda que o registro fóssil e estudos recentes que incorporam a datação molecular não suportem totalmente essa teoria. Dados citogenéticos e genômicos, além de escassos, são restritos a poucas espécies. Essa falta de dados está associada, entre outros fatores, à sua ampla distribuição, com grupos endêmicos de diferentes continentes, dificultando um estudo integrativo que permite uma visão globalizada de seu processo evolutivo. Assim, o presente projeto busca avaliar a variabilidade genética presente na ordem Osteoglossiformes pelo emprego do sequenciamento de nova geração de regiões associadas a Elementos Ultra Conservados (EUCs) e de marcadores DArT-Seq (Diversity Array Technology Sequencing). Esses marcadores serão utilizados em uma ampla amostragem de representantes de todas as famílias da ordem Osteoglossiformes e serão utilizados para inferir se a diversificação de espécies próximas, atualmente presentes em continentes diferentes, se deram antes ou após a fragmentação dos mesmos por meio de dispersões marinhas de ancestrais atualmente extintos. Também serão realizadas análises de delimitação de espécies para as variantes de cor de Scleropages formosus (aruanã asiático), as quais podem corresponder a possíveis espécies distintas. Além disso, a história filogeográfica da espécie Arapaima gigas (pirarucu) será estudada com maior detalhe, a partir do desenvolvimento de modelos evolutivos que serão testados com metodologias recentes de análise filogeográfica. Aliada a este projeto encontra-se uma equipe integrada de pesquisadores de todos os 05 continentes, somando esforços para a investigação que está sendo proposta e garantindo assim a sua exequibilidade. (AU)
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