Resumo
A esquizofrenia e outros transtornos psicóticos constituem grave problema de saúde pública, com alta morbi-mortalidade (McGrath et al. Epidemiol Rev 2008, 30:67-76). Os poucos estudos conduzidos em países de baixa ou média renda e/ou localizados no hemisfério sul, apesar de metodologicamente muito heterogêneos, contrariam a crença de que a evolução e o prognóstico das psicoses seriam mais benignas em países de baixa e média renda (Cohen et al. Schizophr Bull 2008, 34:229-244). Por outro lado, a incidência relativamente baixa de primeiro episódio psicótico (15,8/100.000) observada na cidade de São Paulo (Menezes et al. Br J Psychiatry Suppl. 2007;51:s102-s106) sugere que os mecanismos que operam nos países ricos podem não ser os mesmos em outras populações ou que variações na prevalência de fatores de risco ambientais entre populações sejam, pelo menos em parte, responsáveis pelas variações na incidência e na evolução dos transtornos mentais. Globalmente, a taxa de mortalidade de indivíduos com transtornos mentais é cerca de 2 vezes maior do que aquela observada na população geral ou em controles, com uma estimativa de 10 anos de vida perdidos (Walker et al. JAMA Psychiatry, 2015. 72: 334-341). No entanto, dados com relação a países de baixa e média renda são raros, sendo o único estudo realizado na América do Sul, publicado há 20 anos (Menezes & Mann. Rev Saúde Pública, 1996;30: 304-309). A estimativa das reais taxas de mortalidade nas psicoses, bem como a determinação de eventuais fatores protetores e de risco dessas taxas de mortalidade, podem trazer contribuição relevante para o planejamento de ações preventivas. (AU)
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