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A formação do Parque Peruche como território negro

Processo: 18/01887-2
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Iniciação Científica
Vigência (Início): 01 de outubro de 2018
Vigência (Término): 31 de julho de 2019
Área do conhecimento:Ciências Sociais Aplicadas - Arquitetura e Urbanismo - Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo
Pesquisador responsável:Ana Cláudia Castilho Barone
Beneficiário:Maria Gabriela Feitosa dos Santos
Instituição Sede: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
Assunto(s):Relações étnicas e raciais   Negros   Espaço urbano   Loteamento   Habitação   Comunidade negra   São Paulo (SP)
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:expulsão dos pobres das áreas centrais | Negros em São Paulo | Parque Peruche | território negro | Espaço urbano e relações étnico-raciais

Resumo

Desde a abolição da escravatura, as relações raciais que se estabeleceram na sociedade brasileira foram marcadas pela omissão do Estado no sentido de fomentar a igualdade de condições de trabalho entre negros e brancos. Nas palavras de Roger Bastide, "no fundo, o que o 13 de maio destruiu foi a escravidão imposta, mas substituiu-a pela escravidão voluntária, que não é senão uma forma hipócrita do servilismo primitivo." (BASTIDE, 1972, p.59). À chegada do imigrante europeu à cidade de São Paulo somou-se o preconceito de cor, engendrando o estigma racial na distribuição do trabalho. Entre a virada do século XIX e os primeiros anos do século XX, a população negra aglutinou-se em habitações precárias e cortiços, em bairros próximos ao centro, onde se concentrava a atividade comercial e a elite, que lhe oferecia oportunidades de trabalho. Contudo, o rápido crescimento de São Paulo, e os planos urbanísticos implementados após os anos de 1920 levaram a uma renovação de ocupação, por consequência da valorização sofrida nas áreas centrais, resultando no desalojamento da população negra desses espaços. Durante a década de 1930, a população pobre e negra abrigada na área de transbordamento do córrego Saracura, no Bexiga, foi desalojada para a abertura da Avenida Nove de Julho. Nesse mesmo período, a Frente Negra Brasileira (FNB), por intermédio de seu jornal, A voz da Raça, realizou uma campanha estimulando o seu público leitor a adquirir lotes urbanos para sua residência, com o fim de se libertarem dos gastos com aluguéis. A população negra, assim, viu no recém-aberto loteamento do Parque Peruche uma oportunidade de se assentar a um custo menor, e acabou por se tornar a primeira população significativa a ocupar o bairro. Mais que uma opção de moradia frente às renovações nas áreas centrais, portanto, a ida para bairros periféricos representava a libertação dos cortiços e porões, em prol da aquisição da "casa própria". Esta pesquisa pretende contribuir para a compreensão da distribuição e dos deslocamentos dos negros na cidade de São Paulo, tomando como recorte espacial o Parque Peruche, procurado pela população negra expulsa dos bairros centrais da cidade. A ocupação desse bairro foi uma estratégia para a consolidação do ideário da desmarginalização do negro a partir de sua saída dos cortiços e porões, por meio da aquisição da "casa própria", em uma área distante do centro e além do Rio Tietê. O bairro será tratado então, não só como espaço de moradia dessa população negra, mas também como território em que suas manifestações sociais e culturais estiveram mais livres da constante represália policial.

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