Resumo
A Formação Missão Velha, Bacia do Araripe, Jurássico Superior - Cretáceo Inferior, é notória pela ocorrência de caules fósseis silicificados, o que indica a possibilidade da região ter suportado florestas de gimnospermas na época. Alguns desses lenhos fossilizados permitiram a inferência de atividade fitofágica em coníferas durante o período, pois foram encontradas perfurações e demais danos com padrões morfológicos típicos da ação de artrópodes, na madeira silicificada. Tais estruturas, em sua maioria, são simples, com poucos milímetros de largura e foram, portanto, atribuídas a cupins como principais causadores. No entanto, perfurações diferentes das previamente relatadas foram identificadas em amostras de lenho mineralizado da mesma formação geológica. A partir da observação e comparação destas estruturas com demais escavações atuais, é possível sugerir um segundo grupo de artrópodes fitófagos como responsáveis. Nessas perfurações são observados túneis e galerias com complexidades estruturais semelhantes a padrões caraterísticos resultantes do comportamento de inúmeras famílias de insetos. Todavia, a grande diversidade de Insecta torna difícil a inferência de um gênero ou até mesmo uma espécie, contando apenas com a observação de seus rastros fósseis. Portanto, um estudo mais aprofundado se faz necessário para que seja possível a descrição do icnofóssil, bem como a identificação do organismo produtor, uma vez que não são ecnontrados somatofósseis de insetos na Formação Missão Velha. Com isso, será possível ampliar o conhecimento sobre a diversidade da entomofauna e suas relações ecológicas para o nordeste brasileiro, na transição do período Jurássico para o Cretáceo.
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