Resumo
Os venenos animais são constituídos por uma mistura complexa de moléculas bioativas pertencentes a diferentes classes químicas, sendo elas proteínas, lipídios, polissacarídeos, aminoácidos, dentre outras. Como as peçonhas induzem respostas biológicas distintas, variando de acordo com a espécie produtora, identificar os componentes de tais misturas complexas permite criar um finger print químico para cada uma delas, além de auxiliar no entendimento da resposta inflamatória/imune induzida pela exposição a essas toxinas. Muitas peçonhas, provenientes de aracnídeos, répteis e anfíbios têm sido estudadas. Entretanto, somente a porção proteica das peçonhas (toxinas) têm sido identificadas e estudadas, sendo a porção lipídica pouco explorada quanto a sua composição e papel biológico. Inúmeras toxinas (polipeptídios) são conhecidas por serem agentes neurotóxico, arritmogênico, hemolítico e outros. Entretanto os lipídios que constituem essas peçonhas e sua relevância na resposta dos organismos expostos a elas ainda é pouco avaliada. Avanços nas metodologias de fraccionamento, cromatografia e técnicas de identificação e caracterização estrutural como a Espectrometria de Massas (MS) tornaram possível determinar os componentes de peçonhas, como a de escorpião, serpentes, aranhas e outros. Deste modo, a MS mostra-se como uma poderosa e versátil ferramenta para estudos de lipidoma, uma vez que trata-se de uma técnica sensível capaz de fornecer informações valiosas sobre a estrutura dos componentes de uma mistura. Assim, a MS apresenta-se como um instrumento fundamental para a investigação dos componentes lipídicos das peçonhas. Além disso, a MS pode ser acoplada a espectrometria de mobilidade iônica (DMS),que se destaca nas análises do tipo shotgun para uma rápida e precisa determinação do perfil lipídico de amostras complexas empregando uma inovadora metodologia de separação sem o uso de colunas cromatográficas.
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