Resumo
Os envenenamentos botrópicos são um importante problema de saúde pública no Brasil e induzem distúrbios que podem ocasionar a mortalidade ou grave morbidade de pacientes picados. Os envenenamentos por serpentes Bothrops, como a Bothrops jararaca, induzem alterações hemostáticas - como plaquetopenia, coagulopatia por consumo e sangramentos diversos -, assim como alterações inflamatórias locais e sistêmicas, com a estimulação de células pró-inflamatórias e liberação de citocinas e espécies reativas de oxigênio e nitrogênio. Desse modo, vê-se necessário um estudo que busque a compreensão da interação entre a coagulação e inflamação nesse modelo experimental, visto que o melhor entendimento da patogênese do envenenamento é fundamental para a melhoria do tratamento dos pacientes. Ademais, enfermidades como a Sepse, apesar de etiologia diferente do envenenamento, também induzem alterações na coagulação e inflamação e possuem mecanismos mais elucidados, sendo um importante modelo experimental para auxiliar no entendimento do envenenamento. Visto que o envenenamento e a Sepse são complexos e ainda carecem de tratamento eficaz em diferentes aspectos, é importante a busca por novos compostos terapêuticos. A rutina - um composto natural, seguro, barato, de fácil acesso e já disponível comercialmente - possui uma ampla gama de atividades, como antioxidante, anti-inflamatória e pró-hemostática, e já se mostrou eficaz no combate aos distúrbios ocasionados pelo envenenamento e pela Sepse. Assim, o presente trabalho tem como objetivos gerais investigar em modelos experimentais: (a) a patogênese das alterações da interface inflamação-hemostasia da Sepse e do envenenamento botrópico, induzidas pela injeção de LPS e veneno de B. jararaca (BjV), respectivamente; (b) a atividade terapêutica e o modo de ação da rutina em relação às alterações induzidas pelo BjV ou LPS. Com os resultados obtidos, espera-se diminuir ainda mais as complicações secundárias ao envenenamento botrópico não tratáveis pela soroterapia. (AU)
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