Resumo
A organização cerebral em animais sociais pode ser explicada pelas relações filogenéticas (i.e. o cérebro evolui de acordo com uma linha de parentesco entre espécies) e, também, pela seleção de estruturas direcionadas pela complexidade do ambiente social. O objetivo deste estudo será comparar a possível associação entre complexidade social, cerebral e cognitiva em espécies de peixes próximas filogeneticamente, dentro da família Cichlidae, que apresentem interações sociais consideradas mais complexas (cuidado biparental da prole em espécies monogâmicas) ou menos complexas (cuidado materno da prole em espécies poligínicas). Quatro espécies serão submetidas a testes de aprendizagem e de sociabilidade (memória social, sociabilidade, agressividade e flexibilidade cognitiva). As mesmas terão os cérebros dissecados em macroáreas (telencéfalo, teto óptico, cerebelo, medula dorsal, bulbo olfatório, hipófise e hipotálamo), cujos volumes e número de neurônios serão quantificados. Os dados serão submetidos a testes de GLM, correlações e hierarchical clustering para comparar as associações entre os preditores (cérebro, cognição e complexidade social). As estruturas cerebrais de outras espécies também serão dissecadas e analisadas, porém sem os testes de comportamento. Medidas de andrógenos e cortisol serão realizadas, pois estão associados aos mecanismos ativacionais e organizacionais de uma rede cerebral social. Espera-se que espécies com semelhantes estratégias sociais apresentem organização cerebral e cognitiva mais semelhantes do que espécies mais próximas filogeneticamente. Este estudo é inovador, já que pouco se conhece sobre os mecanismos evolutivos e fisiológicos envolvidos com o controle do comportamento social em peixes neotropicais.
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