Resumo
Desde os tempos remotos os indígenas empregavam sementes de urucum (Bixa orellana L.) para tingir seus artefatos de caça, pesca, vestimentas, enfeites de guerra e o próprio corpo. A primeira referência ao urucum foi encontrada na carta na qual Pero Vaz de Caminha anuncia o descobrimento do Brasil. Além dos usos que os indígenas mantinham o uso dos pigmentos do urucum na culinária doméstica se consolidou com o tempo e sua industrialização. Atualmente, os corantes das sementes do urucum são utilizados nos mais diversos segmentos industriais, como alimentos, farmacêutica e de cosméticos. O Brasil é o maior produtor de sementes e de corantes de urucum, com uma produção estimada em 16 mil ton de grãos em 2018. Isso faz do mercado de sementes e corantes um comércio ativo que gera emprego e renda, principalmente para o pequeno produtor, que é base da produção desses grãos. Essas sementes vêm adquirindo notoriedade por conter outras substâncias de importância para a saúde do homem, como os tocotrienóis e o geranilgeraniol. Os compostos bioativos poderão, em um futuro próximo, explicar grande parte das propriedades farmacológicas tradicionalmente atribuídas ao urucum como anti-inflamatório, expectorante, febrífugo, cicatrizante e repelente de insetos, entre outras. Essas substâncias estão presentes em um arilo que recobre as sementes de urucum e que representa cerca de 10% da massa da semente seca. Os laboratórios do Instituto de Tecnologia de Alimentos após as análises desse arilo encontraram a seguinte composição físico-química: teor de umidade 3,5%, teor de cinzas 2,0%, teor de Proteína Bruta 2,5%, teor do extrato etéreo 30%, teor de carboidratos totais 32% e teor de carotenóides totais expressos como bixina de 30%. Essa composição indica que pelo menos 30% do material que compõe o arilo da semente de urucum, portanto, aproximadamente 3% do peso das sementes é formado por lipídios cuja consistência remete a composição de ceras. Recentemente, durante a destilação para a separação e isolamento de compostos das classes dos terpenos e tocotrienóis da fração insaponificável das sementes de urucum, nos deparamos com um elevado teor de cera que representou grande parte da matéria-prima utilizada no processo de fracionamento. Contudo, não encontramos relatos na literatura sobre a fração insaponificável das sementes de urucum sendo essa a principal motivação dessa pesquisa. Esse projeto propõe a determinação do teor de ceras em sementes de urucum e no resíduo da destilação molecular do material insaponificável desses grãos, e uma caracterização abrangente dos compostos bioativos através de cromatografia líquida e de gás acoplada com espectrometria de massas de alta resolução. Espera-se que o conhecimento detalhado da composição das diferentes frações da semente do urucum possa orientar as aplicações para o aproveitamento desse material. (AU)
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