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A segunda era da abolição e o ultramontanismo no Brasil, 1866-1890

Processo: 21/11521-8
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Mestrado
Vigência (Início): 01 de março de 2022
Vigência (Término): 29 de fevereiro de 2024
Área do conhecimento:Ciências Humanas - História - História do Brasil
Pesquisador responsável:Rafael de Bivar Marquese
Beneficiário:Roberta Angélica Quirino Pinto
Instituição Sede: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
Assunto(s):Brasil   Escravidão   Igreja católica   Abolição da escravidão (1888)
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Abolicao | Brasil | Escravidão | Igreja Católica | Pedro Claver | ultramontanismo | História da Escravidão

Resumo

O presente projeto de mestrado consiste em um desdobramento direto da pesquisa de Iniciação Científica financiada pela FAPESP e intitulada A canonização de Pedro Claver, a Igreja Católica e a abolição da escravidão (1864-1890). Nela, procuramos investigar as respostas da Igreja Católica à crise da escravidão no Brasil, assim como entender quais foram os impulsos para a instituição se reinventar frente a uma série de políticas anticlericais postas em curso com o fortalecimento dos governos liberais em Europa e também no Brasil durante o século XIX. A partir desse esforço investigativo inicial, percebemos que a Sé Romana tentou se recolocar como uma força política no mundo liberal por meio da reescrita do seu passado. A legitimação católica conferida à escravidão africana a partir do século XVI foi um dos fatores primordiais para o fortalecimento do tráfico transatlântico de pessoas. A partir da segunda metade do século XIX, contudo, o discurso da Igreja voltou-se para silenciar esse passado, reescrevendo-o ao apresentar a instituição como uma defensora milenar da ideia de liberdade, assim como das próprias populações africanas, sobretudo com o continente se abrindo para a exploração não só econômica, mas também como potencial espaço de catequização católica.Este projeto de Mestrado pretende ampliar e testar as hipóteses iniciais levantadas durante a Iniciação Científica, por meio da verticalização da análise em uma fonte específica e crucial: o jornal católico ultramontano O Apóstolo. Trata-se da principal voz midiática das alas mais conservadoras do clero brasileiro das décadas finais do século XIX, que pregavam um processo gradual de abolição da escravidão que não abalasse a ordem social e mantivesse negros e negras sob tutela da Igreja para serem ensinados a lidar com sua liberdade e, acima de tudo, educados para o trabalho assalariado. Para tal, mostra-se necessária uma investigação sistemática do periódico desde seu início, em 1866, até 1890, data em que o papa Leão XIII escreveu a encíclica Catholicae Ecclesiae, por meio da qual o pontífice procurou destacar papas anteriores a ele que teriam condenado o tráfico e a escravidão. Esse movimento de Leão XIII reafirmou o amplo movimento da Santa Sé para reescrever seu passado a fim de colocar-se no presente liberal e, assim, projetar um novo futuro que mostrava a África como um espaço ímpar para a expansão da fé e da administração católica. Em vista disso, a pesquisa irá igualmente recorrer a outras fontes complementares para entender esse ponto de virada na ação da Santa Sé, procurando compreender como a canonização de Pedro Claver também foi uma resposta às mudanças que aconteceram nos oitocentos, assim como um símbolo da importância do continente africano para as missões católicas.

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