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A crise da frente política neodesenvolvimentista e a ascensão da direita no Brasil

Processo: 21/12453-6
Modalidade de apoio:Bolsas no Exterior - Pesquisa
Vigência (Início): 25 de março de 2022
Vigência (Término): 29 de agosto de 2022
Área do conhecimento:Ciências Humanas - Ciência Política - Estado e Governo
Pesquisador responsável:Armando Boito Júnior
Beneficiário:Armando Boito Júnior
Pesquisador Anfitrião: Dylan John Riley
Instituição Sede: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas , SP, Brasil
Local de pesquisa: University of California, Berkeley (UC Berkeley), Estados Unidos  
Assunto(s):Extrema direita   Política do Brasil   Processo político   Crise política
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:bolsonarismo | Crise da democracia | Extrema Direita | governo Bolsonaro | Neofascismo | Política Brasileira | Processo político

Resumo

O objeto desta pesquisa é a ascensão da extrema-direita brasileira ao poder governamental. Partimos de uma hipótese referente ao processo político nacional e outras referentes à caracterização do Governo Bolsonaro. No que respeita ao processo político, examinaremos possíveis relações causais entre, de um lado, o tipo de crise política que se verificou no Brasil 2014 e 2018, e, de outro, a ascensão da extrema-direita à presidência da República. Tais relações, pensadas genericamente, podem parecer óbvias. Contudo, o desenvolvimento da ideia segundo a qual existem determinados tipos de crise política que conduzem a resultados específicos e não a outros quaisquer, que é na verdade a hipótese que pretendemos testar, essa hipótese não tem nada de óbvio e é na realidade polêmica. A ideia de tipificar as crises políticas das sociedades capitalistas está virtualmente presente na conhecida caracterização que Lênin faz da "crise revolucionária" (Lenin, A falência da II Internacional. São Paulo: Kairós, 1979). Existiriam, portanto, pelo menos, dois tipos de crise: de um lado, a revolucionária, que possibilitaria, como indica o seu próprio nome, a realização de uma revolução e, de outro, as crises "não revolucionárias", que poderiam permitir, acrescentamos nós, apenas a mudança de regime político, de governo, ou, ainda e tão somente, da política governamental. Nicos Poulantzas, na sua obra Fascisme et dictature (Paris: Maspero, 1970) segue essa pista e procura avançar. Ele sustenta que é possível distinguir crises políticas que podem, cada uma delas, conduzir a um tipo particular de ditadura - fascista, militar ou ditadura da burocracia civil. Consideramos, contudo, que a sua análise não entrega tudo o que promete. E isso porque o autor arrola os elementos componentes da crise que levaria ao fascismo, mas deixa de examinar a dinâmica dessa crise. Na nossa pesquisa, partindo dos elementos conceituais e teses indicados, pretendemos aprofundar a análise dos elementos componentes, mas também a dinâmica da crise política de 2014-2018 para verificar a possível relação causal entre aquela crise e a formação do Governo Bolsonaro. Quanto à caracterização desse governo, partimos de duas hipóteses: a) tal governo representaria a hegemonia do capital internacional e da fração da burguesia brasileira a ele associada, relegando a burguesia interna a uma posição subordinada no interior do bloco no poder; b) o Governo Bolsonaro poderia ser caracterizado como um governo que, embora heterogêneo, se encontraria sob o controle de um grupo que acredito poder, pelo menos inicialmente, denominar neofascista. Para testar a primeira hipótese, deveremos analisar as políticas econômica, social e externa desse governo. Para testar a segunda, consideraremos as caracterizações divergentes que se fazem de tal governo - governo "populismo de direita" ou governo movido por uma ideologia Tradicionalista. Essa última caracterização está presente em autores brasileiros inspirados na obra Guerra pela eternidade, de Benjamin Teitelbaum (Campinas: Unicamp, 2020). Consideraremos ainda a argumentação segundo a qual o fascismo é um fenômeno datado e definitivamente pretérito, como pretende o grande historiador Emilio Gentile no seu recente livro Chi è fascista (Roma: Lateza, 2019). Nós nos inspiraremos para a análise dessa questão numa das definições clássicas do fascismo: um movimento reacionário de massa baseado principalmente na pequena burguesia e na classe média, movimento esse que só ascende ao poder, quando é cooptado politicamente pela burguesia ou por uma de suas frações. Nossa hipótese é que o bolsonarismo é um movimento majoritariamente de classe média, mas o Governo Bolsonaro é um governo burguês, e principalmente um governo que prioriza os interesses do capital internacional e da burguesia associada. (AU)

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