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Direitos humanos: uma mediação entre afeto e política

Processo: 22/00777-4
Modalidade de apoio:Bolsas no Exterior - Estágio de Pesquisa - Doutorado
Vigência (Início): 01 de setembro de 2022
Vigência (Término): 31 de agosto de 2023
Área do conhecimento:Ciências Humanas - Antropologia
Pesquisador responsável:Paula Montero
Beneficiário:Olivia Alves Barbosa
Supervisor: Charles Hirschkind
Instituição Sede: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
Local de pesquisa: University of California, Berkeley (UC Berkeley), Estados Unidos  
Vinculado à bolsa:19/19639-8 - Direitos humanos e ativismo transnacional religioso: um olhar antropológico sobre as Católicas pelo Direito de Decidir, BP.DR
Assunto(s):Antropologia visual   Antropologia da religião   Religiões   Direitos humanos   Mídias sociais
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:antropologia visual | Direitos Humanos | Gênero | Ícones | Mídias sociais | religião | Antropologia da Religião

Resumo

Argumento que os direitos humanos são uma linguagem que sustenta instituições locais, nacionais e internacionais, mas também funciona como um meio de comunicação política quando apropriada por diferentes sujeitos para formular demandas políticas. Em outras palavras, os direitos humanos são uma linguagem mediadora de diferentes relações sociais, e essa linguagem tem sua gramática, códigos, formas e estética específicos. Pretendo pesquisar como as mídias sociais contribuem para a formação de uma paisagem afetiva na qual os direitos humanos são moldados e, ao mesmo tempo, moldam sujeitos políticos no Brasil. Observarei a linguagem dos direitos humanos em funcionamento a partir das interações das Católicas pelo Direito de Decidir (CDD), uma rede de organizações não-governamentais espalhadas pela América Latina composta por mulheres e homens que se definem como católicos e questionam prescrições do Vaticano relacionadas a demandas como contracepção e aborto. Seu enquadramento do problema permite que a ONG se aproxime dos movimentos feministas e, ao mesmo tempo, guarde uma singularidade em relação àqueles que se definem como seculares. No Brasil, o debate sobre o aborto costuma se configurar como uma disputa entre sujeitos seculares e sujeitos religiosos. Olhar para a CDD nos convida a repensar essa dicotomia, que pode obliterar a complexidade do debate e dos sujeitos envolvidos nas discussões sobre o aborto. Como observa Hirschkind, o secular marca uma dinâmica relacional com o religioso. Isso significa que os limites das categorias religiosa e secular não preexistem ao processo de disputas, mas são continuamente determinados e redefinidos reciprocamente. O uso que as ativistas fazem da internet mostra que os meios de comunicação importam na ação política e na articulação da linguagem dos direitos humanos. Os movimentos contra e a favor do direito ao aborto têm diferentes concepções sobre os sujeitos dos direitos humanos. As concepções de humanidade que produzem são diferentes e observar as imagens que criam nas redes sociais pode esclarecer essas diferenças. Ambos os movimentos utilizam o conceito de humanidade para justificar a existência de direitos invioláveis, mas seus sujeitos são distintos; ao mesmo tempo, ambos usam a ambiguidade das imagens para persuadir um público mais amplo nas mídias sociais. Como tentarei mostrar, a circulação de imagens e ícones abre a possibilidade de transpor eventos para diferentes espacialidades e temporalidades. Além disso, é a imagem específica de humanidade que as pessoas têm em mente que as leva a escolher certos direitos como mais humanos do que outros, portanto, a defesa dos direitos humanos depende das imagens. A economia das mídias sociais é voltada para capturar a atenção dos usuários. Na prática, isso implica que as mensagens devem despertar interesse em frações de segundo para ganhar visibilidade e não serem soterradas em uma avalanche de informações. Uma maneira de conseguir esse efeito é organizar imagens emocionais e frases controversas para provocar engajamento. Ou seja, a análise das imagens me permitirá vislumbrar como os significados dos direitos humanos variam e são disputados. Com base na literatura antropológica sobre o tema (Csordas, Hirschkind, Mahmood, Ahmed) pretendo observar e descrever o afeto empiricamente nas mídias sociais e compreender como ele interage com as políticas de direitos humanos. Vou acompanhar o desenvolvimento das disputas entre CDD e ativistas antifeministas, muitas delas abertamente cristãs. Proponho uma etnografia digital para observar como os sujeitos políticos e a linguagem dos direitos humanos são modelados simultaneamente nas ações e interações nas mídias sociais. Uma etnografia do digital considera a materialidade da infraestrutura digital (desenhos, tecnologias, algoritmos, funcionalidades), o conteúdo digital (vídeos, textos e imagens) e o contexto digital (o espaço digital é um novo tipo de espaço no qual novas formas de ação social ocorrem). (AU)

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