Filmes de viagem, Burton Holmes e o espetáculo: a invenção da América Latina e do Sul Global pelas narrativas de viagem

• Processo: 23/10970-9
• Modalidade de apoio: Bolsas no Exterior - Pesquisa
• Data de Início da vigência: 01 de dezembro de 2023
• Data de Término da vigência: 31 de agosto de 2024
• Área de conhecimento: Linguística, Letras e Artes - Artes - Cinema
• Pesquisador responsável: Arlindo Rebechi Junior
• Beneficiário: Arlindo Rebechi Junior
• Pesquisador Anfitrião: Ivone Margulies
• Instituição Sede: Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design (FAAC). Universidade Estadual Paulista (UNESP). Campus de Bauru. Bauru , SP, Brasil
• Instituição Anfitriã: City University of New York (CUNY), Estados Unidos
• Assunto(s): Primeiro cinema Espetáculo América Latina
• Palavra(s)-Chave do Pesquisador: América Latina | Burton Holmes (1870-1958) | Espetáculo | Filme de viagem (travelogues) | Palestras ilustradas | sul global | Primeiro Cinema

Resumo

Esta pesquisa investiga os espetáculos de palestras ilustradas de viagem e as filmagens do viajante-cinegrafista norte-americano Burton Holmes (1870-1958), em suas incursões em territórios do Sul Global, em especial na América Latina, em fins do século XIX e início do século XX. Originalmente, tanto suas palestras de viagem como os seus filmes de viagem, também conhecidos como travelogues, estavam conectados às tradições das narrativas de viagem de exploração no século XIX. Ao longo deste século, já com o uso de tecnologias de representação fotográfica, as narrativas de viagem aproximaram-se de práticas de representação mais espetacularizadas e tornou-se comum a exibição de imagens de lugares distantes em palestras ilustradas direcionadas a um público urbano norte-americano e europeu, que, de modo geral, desconhecia as visualidades de territórios tão distantes ao Sul. A aparição do registro de imagens em movimento permitiu, dentro dessa tradição, não só uma nova forma de explorar e exibir um universo desconhecido de hábitos, de pessoas e de espacialidades demarcadas, mas uma nova forma de pensar, conceber, representar e imaginar - e mesmo disciplinar e governar - o outro e o seu território. Para esta investigação, dois objetivos principais são propostos e eles condicionam os dois eixos complementares de análise da pesquisa, a saber: analisar as formas do espetáculo das palestras ilustradas de viagem de Burton Holmes como uma nova experiência visual, cultural e social; e analisar o uso e as práticas dos filmes de viagem de viagem produzidos por Holmes em territórios do Sul Global. Embora seja considerado o principal viajante-cinegrafista no contexto do primeiro cinema norte-americano que produziu travelogues, Burton Holmes e suas narrativas de viagem foram motivo de poucos estudos. Como lacuna existente, pode-se constatar um interesse bastante restrito no enfoque dessas muitas narrativas de viagem produzidas por Holmes com base nos territórios do Sul Global e na América Latina. Em termos metodológicos, este trabalho propõe uma etapa de pesquisa bibliográfica, com a revisão de material monográfico em torno dos dois eixos principais de investigação, e pesquisa documental em acervos norte-americanos, em especial na cidade de Nova York, para uma coleta de dados primários com enfoque: nos filmes de viagem de Burton Holmes; sobre as formas de produção e sobre as viagens realizadas; nos textos publicados como complementos às suas exibições em palestras ilustradas de viagem, incluindo os programas e guias das apresentações; nos relatos e críticas publicados em jornais locais norte-americanos sobre seus espetáculos. Essa documentação coletada em arquivos norte-americanos, junto com o confronto de informações bibliográficas, permitirá uma análise da prática de narrativa de viagem de Burton Holmes em territórios do Sul Global, com destaque para a América Latina. Um problema que norteia este trabalho de pesquisa está vinculado ao modo como as narrativas de viagem sobre o Sul Global operadas por Burton Holmes nos seus espetáculos e em seus filmes de viagem são resultantes tanto de um diálogo com projetos ideológicos e de saber de seu tempo como de um diálogo com as formações históricas específicas da nação norte-americana e o seu respectivo imaginário sobre o estrangeiro. (AU)