Arte e Arquitetura na "Ruta de la Plata": levantamento e mapeamento de antigas igrejas com pinturas murais conservadas no caminho entre Potosí e Arica

• Processo: 23/15740-1
• Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Iniciação Científica
• Data de Início da vigência: 01 de abril de 2024
• Data de Término da vigência: 31 de março de 2025
• Área de conhecimento: Ciências Sociais Aplicadas - Arquitetura e Urbanismo - Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo
• Pesquisador responsável: Renata Maria de Almeida Martins
• Beneficiário: Denilson Choquecallata Colque
• Instituição Sede: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
• Vinculado ao auxílio: 21/06538-9 - Barroco-açu: a América Portuguesa na geografia artística do Sul global, AP.JP2
• Palavra(s)-Chave do Pesquisador: América Andina | Arte e Arquitetura Andinas | Barroco Andino Híbrido | Culturas Ameríndias | Pinturas Murais | Rota da Prata | História da Arquitetura e da Arte

Resumo

Este projeto de iniciação científica visa realizar um levantamento e mapeamento das pinturas murais conservadas em igrejas localizadas na conhecida Ruta de la Plata (rota de prata), compreendendo especificamente o antigo caminho entre Potosí e Arica. O processo de colonização espanhola ocorrido no século XVI, para além de representar uma etapa da acumulação primitiva do capital mediante o sistema da mita, introduziu nessas regiões modelos e repertórios provenientes da Europa, e dessa forma, ao se colocarem em tensão com aqueles das culturas incaicas deram origem ao que Gauvin Bailey intitulou um "barroco andino híbrido" (BAILEY, 2010). A descoberta da mina de prata em Potosí em 1545 e a sua importância econômica ao longo dos séculos XV e XVI (GUTIÉRREZ, 1983) suscitou o interesse da coroa em restaurar as antigas vias de comunicação a fim de reutilizá-las, facilitando, por exemplo, o transporte da folha de coca de Cusco até Potosí, já que a coca possuía propriedades que atenuaram a sensação de cansaço, o que era de grande valia para os mineiros, submetidos a uma intensa carga de trabalho e exploração dentro das minas.Outra importante rota reutilizada foi aquela entre Potosí e Arica, onde se localizava o porto oficial da Coroa Espanhola, utilizado para a entrada de mercúrio destinado às minas de prata de Potosí, bem como para a exportação da prata com destino a Sevilha. Hoje, neste caminho, há pelo menos cinco igrejas que preservam seus programas de pinturas murais do século XVIII, todos elaborados com a participação das comunidades indígenas, e que estão localizados nos pueblos de Parinacota, Pachama, Curahuara de Carangas, Soracachi e Copacabana de Andamarca; as duas primeiras na região de Arica e Parinacota no Chile e as três últimas na região de Oruro na Bolívia (GUZMÁN; CORTI et al, 2021). Em vias de contribuir para melhor conhecer este relevante patrimônio realizado com a participação de comunidades e pintores locais, esta iniciação científica pretende, a partir dos importantes estudos realizados nos países de língua espanhola sobre estas pinturas murais (GISBERT, 2008, CORTI; GUZMÁN et al, 2013, 2016, 2019, 2021), realizar um levantamento daquelas ainda hoje conservadas, reunindo dados sobre seus programas, suas iconografias e sua materialidade, sobretudo quanto aos pigmentos, dando relevância a participação indígena na realização das pinturas murais (TOMASINI; SIRACUSANO et al, 2018).Ao levantar e mapear as localidades e igrejas onde as pinturas murais ainda se conservam, entre Potosí e Arica, este projeto de Iniciação Científica, numa perspectiva sul-americana, abordará um relevante conjunto de manifestações artísticas pictóricas ainda não suficientemente conhecidas no Brasil, colaborando diretamente com os objetivos do Projeto Jovem Pesquisador Fase 2 da Fapesp, Barroco-Açu. A América Portuguesa na Geografia Artística do Sul Global (processo nº 2021/06538-9).