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Filhos da noite: a experiência noturna na poesia de lúcio cardoso, hilda hilst e roberto piva

Processo: 23/03685-6
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Doutorado
Vigência (Início): 01 de junho de 2024
Situação:Interrompido
Área do conhecimento:Linguística, Letras e Artes - Letras - Literatura Brasileira
Pesquisador responsável:Antônio Donizeti Pires
Beneficiário:Rangel Gomes de Andrade
Instituição Sede: Faculdade de Ciências e Letras (FCL). Universidade Estadual Paulista (UNESP). Campus de Araraquara. Araraquara , SP, Brasil
Assunto(s):Sublime
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:noite | Poesia brasileira moderno-contemporânea | Sublime | Poesia Brasileira Moderno-Contemporânea

Resumo

O presente projeto propõe explorar a presença da noite em três poetas brasileiros: Lúcio Cardoso, Roberto Piva e Hilda Hilst. Por meio das obras Poesias (1941), Novas poesias (1944), Paranoia (1963) e Da noite (1992), objetivamos verificar o modo como uma certa poética noturna, de matiz romântico, aflora na poesia brasileira a partir de meados do século XX, e como Cardoso, Piva e Hilst, cada um a seu modo, reconfiguram a temática da noite, conferindo-lhe um enfoque em conformidade com suas poéticas particulares. De modo geral, pode-se dizer que, nas obras enfocadas de cada um dos poetas, subsiste uma cosmovisão noturna, na qual a noite funciona como motor da poesia. Assumimos aqui três pressupostos que se cruzam para pensar os nexos entre a poética romântica da noite e os poetas enfocados: a noção de visão romântica de mundo, defendida por Löwy e Sayre (2015), enquanto modo trans-histórico de conceber o Romantismo, fundamentado na relação conflituosa e contraditória do poeta com o mundo moderno; a ideia, proposta por Octavio Paz (2013), de "poesia de convergência", oposta à tradição da ruptura, que supõe uma relação descontínua da poesia com o presente histórico e uma postura do poeta menos disruptiva em relação à tradição; o conceito benjaminiano de pervivência (BENJAMIN, 2013), segundo o qual o tempo histórico é visto não como inexorável teleologia e sim como sobrevida de fenômenos estéticos e culturais. A partir disso, levantamos a hipótese de que subsiste uma veia noturna na poesia brasileira moderno-contemporânea, a qual retoma e redimensiona a visão romântica da noite e os elementos a ela associados, em especial o erotismo e a morte, como expressão dos aspectos obscuros e negativos da experiência humana, em contraposição ao universo ordinário e mundano do dia, representado por uma certo fazer poético solar e racional. Consideramos que a negatividade que envolve a sensibilidade noturna está intimamente associada à teoria do sublime, particularmente de extração burkeana (BURKE, 1993), tida como categoria estética negativa por excelência, na qual estão pressupostos os elementos do mórbido, do abjeto e do aterrorizante. As poéticas de Cardoso, Piva e Hilst, portanto, são aqui compreendidas como modos de acessar, pela via da experiência noturna, o sublime, em que se conjugam as instâncias do erótico e do fatal.

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