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A potência comunicativa das artisticidade na região do Rio Tupana: um estudo de corposcasa e seus saberes ancestrais.

Processo: 25/15507-0
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Mestrado
Data de Início da vigência: 01 de setembro de 2025
Data de Término da vigência: 31 de agosto de 2027
Área de conhecimento:Linguística, Letras e Artes - Artes
Pesquisador responsável:Christine Greiner
Beneficiário:Dimitri Leite Buriti
Instituição Sede: Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). São Paulo , SP, Brasil
Vinculado ao auxílio:25/01865-2 - Laboratório de Experiências para Co-Imaginar Mundos: Comum-ismos, Compostagens Anárquicas e outras Semeaduras, AP.R
Assunto(s):Arquitetura   Corpo
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Arquitetura | Artisticidade | Corpo | Rio Tupana | Saberes Ancestrais | Performance e Arquitetura Ancestral

Resumo

O objetivo deste projeto é analisar o conceito de artisticidade partindo de uma revisão bibliográfica em torno do tema para, em seguida, documentar experimentos relacionados ao ciclo de construções comunitárias no Rio Tupana (Amazonas). O principal aspecto a ser analisado são as estratégias criadas pelas comunidades para co-imaginar mundos, convertendo alteridades em estados de criação (Greiner, 2017). Os mundos, aos quais nos referimos, dizem respeito a comunidades humanas e mais que humanas, tendo em vista observar modos de comunicação entre diferentes animacidades da floresta. Como pontua Chen (2025), o conceito de animacidade converte a dicotomia entre animado e inanimado, em taxas de animacidades, com ênfase nos movimentos que existem na aparente imobilidade. Focaremos nas edificações em madeira e palha, efêmeras por natureza. Nessas construções (corposcasa), há um protagonismo do corpo em todas as ações: o uso do teçado (facão), diversas habilidades manuais de extração, deslocamentos em canoas e amarração de materiais e assim por diante. O resultado são procedimentos que desafiam a linguagem arquitetônica, aproximando-a da performance e da filosofia. O projeto tem como fundamentação teórica, as noções de corpomídia (Greiner e Katz), de artisticidade (Manning, Noë e Yuasa), de animacidade (Chen), e de confluências (Bispo dos Santos e Krenak). Os objetos de estudo preliminares serão duas construções específicas: o Chapéu de Palha e a Casa Ribeirinha. Na PUC-SP, vamos construir a pavimentação teórica para os estudos e, em um segundo momento, vamos trabalhar com os moradores da comunidade localizada no rio Tupana, município do Careiro. A rodovia BR 319 - construída durante a ditadura militar no Brasil - cruza o rio Tupana e é uma contradição frente ao ecossistema abundante. A estrada é o local de partida de famílias, base do narcotráfico, das novas tecnologias, e uma ponte para a cidade grande. Aí ocorre a evasão de jovens, mitigados pela esperança de um progresso desenfreado. Os que ficam gozam da fartura da floresta e, entre eles, estão os que constróem corposcasa, colocando o corpo no centro da criação. Além dos autores já mencionados, há uma extensa bibliografia que ensina a combater as dicotomias entre corpo e ambiente, natureza e cultura. Neste sentido, destacamos Donna Haraway (2023) que propõe o termo naturezacultura - afirmando que ao invés de alimentar as dicotomias, é fundamental lidar com conhecimentos situados para compreender, em cada contexto, como histórias contam histórias. De acordo com Haraway, processos imaginativos, sonhos, desejos e metáforas também constituem materialidades. Há uma empatia entre suas discussões e o modo são concebidas as construções na Amazônia, uma vez que, na floresta, contar histórias é também um modo de construir conhecimentos e lidar com artisticidades. Os filósofos Alva Noë (2015 e 2023) e Yasuo Yuasa (1987) fortalecem essa proposta, explicando como a arte sempre foi absolutamente fundamental para constituir as culturas. Noë fala da arte como uma "ferramenta estranha" que atravessa a história da humanidade desafiando os pressupostos de causa, efeito e produtividade. Já Yuasa afirma que a artisticidade é uma forma de cultivo do corpomente. Erin Manning (2016), que é uma das referências fundamentais para o projeto maior de auxílio regular, também usa o termo artisticidade enfatizando que a arte colabora com as outras áreas de conhecimento no sentido de enfatizar o processo e não os produtos. Ao se valer da lógica da arte (artisticidade), são geradas mais perguntas do que respostas. É disso que se alimentam os corposcasa. Ao criar pontes entre os autores estrangeiros e indígenas como Ailton Krenak e Davi Kopenawa, buscaremos analisar as construções selecionadas, assim como, colaborar com discussões referentes a diversos conhecimentos situados que fazem pensar em tópicos complexos como as fronteiras entre animados e inanimados, vida e arte, natureza e cultura.

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