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Kallíope: a musa grega da palavra transformada: da escritura do dramaturgo à performance viva do ator em cena: diálogos entre-mentes

Processo: 07/00492-0
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Pós-Doutorado
Vigência (Início): 01 de dezembro de 2007
Vigência (Término): 30 de novembro de 2010
Área do conhecimento:Linguística, Letras e Artes - Artes - Fundamentos e Crítica das Artes
Pesquisador responsável:Sara Pereira Lopes
Beneficiário:Marlene Fortuna
Instituição Sede: Instituto de Artes (IA). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas , SP, Brasil
Assunto(s):Mitologia grega   Oralidade   Dramaturgia   Teatro   Teatro (literatura)   Atores
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Da escrita para a performance | Dramaturgia | mitologia | oralidade | teatro e performance | Teatro

Resumo

O grande leme de nossa tese será teorizar sobre o que ocorre na passagem de um texto escrito, em suporte imperecível, através da pessoa do dramaturgo, para um corpo, suporte perecível, através da pessoa do ator. Intermediando a alquimia, temos a regência, às vezes mais, outras vezes menos ditatorialista, do diretor de teatro. Três poetas da cena. Para sustentar as argumentações, recorremos, a princípio, a algumas teorias sobre mitologia grega, na figura emblemática e fantástica de Kallíope, além de tantas outras reflexões, científicas e artísticas, sobre o trajeto anunciado. Adotaremos, de forma geral, teóricos da área da palavra escrita, da palavra falada, da intertextualidade, da performance, da voz, do corpo, da psicologia, do teatro, incluindo: autor, ator, diretor e adaptador de texto. A opção pela escolha de Kallíope se deve por ser ela a musa da oralidade, da eloquência, da poesia declamada, da empatia da voz e da fala, do som mágico dos vocábulos, além de, ser a mãe das Sereias que, com seus cantos perturbadores, onomatopeias encantadas e sons inebriantes de vozes, seduziam os heróis “viajantes dos mares“; e, em seguida, os trucidava. Ora, analogamente, Kallíope é a inspiradora do ator, porque a ele cabe apresentar manifestações, situações, posturas, novas semânticas, significações, sintaxes, decodificações, inter-relações de novos códigos estéticos, construídos quando da passagem da escritura morta do autor, plasmada em suporte inativo (descansada, silente e calada), para a oralidade viva do intérprete. Oralidade esta, ancorada em pulsações, em movimentos, emoções em ato, ações de fato, presentidade pura. Os motores destas vibrações são: o corpo, a voz, os gestos, os movimentos, os olhares, os sentimentos, enfim, todos ativados de uma só vez, imbricados entre si, estudados, preparados e estetizados para conduzirem a palavra a falar, a sorrir, a chorar, a calar e a enfeitiçar a plateia. Quando pontuamos: preparação do ator para a condução do enredo do escritor, estamos falando, dentre outros elementos, da técnica aprendida e apreendida em plenitude. São inúmeros os caracteres do corpo a serem desenvolvidos para dar conta da vida emocional do texto: relaxamento apropriado; respiração, articulação, projeção adequadas; repertorizações de estilos - fala específica para textos populares, é diferente de fala para textos clássicos, que por sua vez, é diferente para textos poéticos, textos satíricos, cômicos, dramáticos, trágicos, e outros tantos cânones da califasia. Apresentaremos uma nova sintaxe comunicacional, decorrente das transmutações entre linguagens, a trilogia que não pode faltar no idioma teatral: autor, ator, diretor. Isto sem falar de um possível quadrilátero, que surge quando o autor não escreve, especificamente, para teatro, mas para a literatura (romances, contos, crônicas, etc.), linguagem para ser lida e não para ser teatralizada. Daí acionar-se a figura do adaptador de texto, mais um a interagir entre tapas e beijos, harmonias e conflitos, concórdias e discórdias. E assim, vão convivendo os envolvidos na cena. São muitas as problematizações deste assunto. Começamos por pontuar uma das mais importantes: o tempo. Para o dramaturgo, o tempo pode ser mais lento, porque o texto é eterno. Fica. Permanece, podendo se movimentar entre idas e vindas, no processo de criação, até seu término. Para o ator, entretanto, o tempo é breve. Presente. Evanescente. Fugaz. Impermanente. Não há reprise. Ou ele acerta, de prima, ou só resta esperar pelo próximo espetáculo, mas aí a ingratidão da vida se impõe: o ator já perdeu irremediavelmente o público precedente; ou, um cataclisma qualquer, obstrui a continuidade da temporada; ou ainda, sendo um pouco mais trágico, o ator morre de uma noite para a outra de apresentação. Enfim, o ato do poeta da cena, é, inexoravelmente, provisório. (AU)

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