Resumo
Dados de literatura recente têm indicado que a doença periodontal é mais prevalente, incidente e severa em pacientes diabéticos, em função de tratar-se de uma complicação do diabetes. Várias hipóteses foram levantadas para explicar o risco aumentado à doença periodontal em pacientes diabéticos, incluindo alterações vasculares, disfunções neutrofílicas e metabolismo anormal de colágeno. Recentemente, foi proposto que o acúmulo de produtos finais avançados de glicolisação (AGEs) resulta em aumento da quimiotaxia para monócitos e macrófagos e, consequentemente, união a células endoteliais e monócitos através de receptores de membrana específicos, denominados RAGEs. A interação AGE-RAGE resulta em alterações celulares críticas, favorecendo o desenvolvimento de disfunções vasculares e respostas reparativas prejudicadas, estimulando a proliferação de monócitos e induzindo a liberação de radicais livres de oxigênio e citocinas pró-inflamatórias, tais como a IL-1ß e o TNF-. Recentemente têm-se salientado que infecções crônicas, como a doença periodontal, levam a uma resistência do organismo como um todo à ação da insulina, conduzindo a um estado prolongado de hiperglicemia, podendo agravar o controle glicêmico dos pacientes. Assim, o objetivo deste trabalho é avaliar a condição periodontal de pacientes diabéticos em relação a não diabéticos com predisposição genética ao desenvolvimento do diabetes, bem como avaliar a influência do tratamento periodontal no controle glicêmico dos pacientes diabéticos, além de procurar estabelecer a correlação da condição periodontal com o índice de placa nos grupos em estudo. Serão convidados a participar deste estudo, para constituição do grupo teste, 30 pacientes diabéticos do tipo I ou do tipo II, sendo o grupo controle constituído por 30 familiares consanguíneos diretos (pais, irmãos, avós, tios ou primos) dos pacientes do grupo teste que não apresentem manifestação de diabetes mellitus. Após a anamnese, onde serão investigados fatores relativos à história médica, a condição periodontal de todos os pacientes será avaliada de acordo com o índice de placa, profundidade de sondagem, alterações de contorno da margem gengival, índice de sangramento à sondagem, grau de mobilidade dentária, presença ou ausência de supuração, nível de inserção clínica e perda óssea interproximal. Os pacientes serão clinicamente avaliados por examinador único no exame inicial, aos 4 meses e aos 8 meses de acompanhamento e radiograficamente no exame inicial e aos 8 meses de acompanhamento. Os testes laboratoriais de tolerância à glicose serão realizados no exame inicial e aos 8 meses de acompanhamento, para avaliação da condição de glicemia do paciente. Adicionalmente, para avaliação do efeito do tratamento periodontal no controle glicêmico do paciente, será solicitado aos mesmos a realização de teste de hemoglobina glicolisada aos 4 e 8 meses de acompanhamento. Em cada visita de retorno do paciente para tratamento, a monitoração do controle glicêmico será realizada por meio de glucôsimetro comercialmente disponível. Os dados serão analisados estatisticamente segundo o teste-t de Student para avaliação da condição periodontal entre os grupos, teste-t pareado para avaliação do controle glicêmico e das condições periodontais dos pacientes antes e após o tratamento e teste de correlação de Pearson para avaliação da correlação entre os níveis de glicemia com os diferentes parâmetros clínicos periodontais e do índice de placa com os demais parâmetros clínicos periodontais. (AU)
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