Uma leitura de "Les bienveillantes", de Jonathan Littell

• Processo: 09/51484-2
• Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Pós-Doutorado
• Data de Início da vigência: 01 de outubro de 2009
• Data de Término da vigência: 30 de setembro de 2011
• Área de conhecimento: Linguística, Letras e Artes - Letras - Literaturas Estrangeiras Modernas
• Pesquisador responsável: Berta Waldman
• Beneficiário: Emilia Amaral
• Instituição Sede: Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH). Universidade de São Paulo (USP). São Paulo , SP, Brasil
• Assunto(s): Holocausto judeu Tragédia grega Romance histórico Pós-modernismo
• Palavra(s)-Chave do Pesquisador: Holocausto | Narrativa Em Primeira Pessoa | Pos-Modernismo | Romance Historico | Segunda Guerra Mundial | Tragedia Grega

Resumo

O objetivo deste trabalho é propor uma leitura do romance "Les Bienveillantes", de Jonathan Littell, investigando como se articulam e como contribuem com sua estruturação dois procedimentos fundamentais. O primeiro é o foco narrativo em „ primeira pessoa, marcado pela inversão, já que o autor, de ascendência judaica, incorpora a "persona" de um dos responsáveis pelo genocídio dos judeus, durante a Segunda Guerra Mundial, por meio de um jogo ficcional marcado por mascaramentos e simulações, e assim desloca o foco das vítimas para os executores do mal, com a finalidade de interrogá-lo "desde dentro". O segundo procedimento diz respeito à apropriação que a obra faz de vários gêneros, como a narrativa memorialista, o romance histórico, o romance de tese realista, o romance psicanalítico e a tragédia grega, além de integrar uma pluralidade de vozes e dicções; uma superposição de discursos, colhidos por meio de pesquisas históricas, antropológicas, sociológicas, filosóficas etc. Tais elementos, reunidos em tom irônico, provocam o confronto entre as dicções realista e trágica, que no final do livro se converte em farsesca, permitindo a possibilidade de reconhecer e analisar a afinidade, filiação, aproximação entre "Les Bienveillantes" e a chamada ficção pós-moderna, o que lhe confere um notável caráter particular, pois a localiza no coração das discussões sobre as especificidades deste estilo e principalmente sobre sua eficácia não para negar, mas para contestar, "desde dentro", "as verdades" da realidade e da ficção: elaborações humanas por meio das quais conseguimos viver em nosso mundo. (AU)