Resumo
No contexto italiano, em especial a partir da década de 1960, as discussões sobre as escalas de análise e sobre o papel da ação singular na história deram origem a muitas interrogações históricas de pequena escala, configurando o que mais tarde se convencionou chamar de microstoria. A microstoria utilizou-se largamente da biografia, tendo inclusive uma grande produção teórica sobre o tema, discutindo a biografia e suas possibilidades para a história. A discussão da biografia enquanto instrumento de conhecimento histórico tem, no panorama historiográfico contemporâneo, uma importância crescente e indiscutível. Junto com a narrativa, o acontecimento, a história política, os fait-divers, a biografia participa de um questionamento mais global sobre os instrumentos teóricos e estilísticos da história. A microstoria propõe perspectivas originais que trazem seguramente elementos que procuram superar os problemas que se colocam hoje para a história, bem como as ambigüidades das concepções de homem que percorrem a historiografia. Estas perspectivas não parecem poder ser reduzidas às respostas de outros contextos historiográficos, ainda que dialoguem com eles. A historiografia italiana da qual a microstoria faz parte comunica- se e filia-se a tradições teóricas e historiográficas específicas, onde as discussões que tematiza estão profundamente enraizadas. Pretendemos que uma discussão historiográfica e teórica _ através do contexto italiano_ sobre a tensão entre indivíduo e história, singular e universal, tematizando a biografia enquanto instrumento de conhecimento histórico, abrirá possibilidades para uma compreensão mais acurada destas questões, bem como sobre processos mais globais com os quais esta historiografia seguramente se articula. (AU)
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