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Defesa de territórios de acasalamento por machos da estaladeira-vermelha, Hamadryas amphinome (Lepidoptera: Nymphalidae), uma borboleta neotropical

Texto completo
Autor(es):
Victor Toni Lourenço
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Biologia
Data de defesa:
Membros da banca:
Woodruff Whitman Benson; André Victor Lucci Freitas; Paulo Enrique Cardoso Peixoto
Orientador: Woodruff Whitman Benson
Resumo

As borboletas do gênero Hamadryas são conhecidas há mais de 200 anos, mas até hoje intrigam os pesquisadores pela sua habilidade notável de produzir sons audíveis, em forma de estalos. Esse gênero neotropical ocorre tipicamente em clareiras e bordas de matas, onde são vistas em interações aéreas agressivas. Darwin sugeriu que tais interações estivessem diretamente relacionadas ao cortejo, mas hoje há especulações de que machos de várias espécies de Hamadryas defendem territórios de acasalamento, embora nenhum estudo decisivo tenha sido conduzido. Neste estudo, desenvolvido em uma floresta semidecídua no sudeste do Brasil, avaliamos e caracterizamos o comportamento territorial de Hamadryas amphinome (Linnaeus, 1767), também conhecida como estaladeira-vermelha. Usamos observações focais diárias intensivas para avaliar o comportamento, o padrão de atividade, o sucesso em disputas e a fidelidade territorial de borboletas previamente marcadas. Também procuramos compreender as regras usadas pelos machos para resolver disputas territoriais, como a influência da condição de residência, da idade e de possíveis fatores determinantes da capacidade de luta: comprimento alar e massa corporal. Os machos de H. amphinome defendem territórios de acasalamento no dossel de árvores emergentes localizadas próximas a clareiras e bordas de matas. Esses locais servem exclusivamente como `pontos de encontro¿ (landmark encounter sites), visto que não apresentam recursos para as fêmeas, como alimento ou plantas hospedeiras. Observamos nove cópulas nos territórios, as quais envolveram, em sua maioria, fêmeas jovens e machos residentes. Os horários dos cortejos e do início das cópulas se sobrepuseram aos horários de maior atividade de defesa territorial. Machos residentes expulsam machos intrusos em disputas aéreas caracterizadas por perseguições horizontais e voos circulares, acompanhados pela emissão de estalos. A localização dos poleiros em locais ensolarados e a defesa territorial nas primeiras horas da tarde parecem refletir a necessidade das borboletas em manter uma temperatura corporal elevada durante as disputas. Os machos residentes podem defender os mesmos territórios em dias subsequentes e houve uma elevada variação no tempo de residência entre indivíduos. Em média, os residentes, residentes primários e machos vencedores apresentaram um maior comprimento alar do que os intrusos, residentes secundários e machos perdedores. A proporção de vitórias dos residentes também apresentou uma relação positiva com seu comprimento alar. A duração das disputas territoriais apresentou uma relação positiva com o desgaste alar e com a massa de residentes perdedores. Apesar da aparente relevância do tamanho para a resolução das disputas territoriais em H. amphinome, ainda não se sabe como esse atributo está relacionado ao acúmulo de custos durante as interações agonísticas (AU)

Processo FAPESP: 09/13507-0 - Defesa de Territórios de Acasalamento em Hamadryas sp. (Lepidoptera: Nymphalidae).
Beneficiário:Victor Toni Lourenço
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado