Busca avançada
Ano de início
Entree


Neutralização de atividades farmacologicas e enzimaticas de venenos crotalicos perante antivenenos

Texto completo
Autor(es):
Daniela Gois Beghini
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Biologia
Data de defesa:
Membros da banca:
Francesco Langone; Maria Alice da Cruz Hofling; Yoko Oshima Franco; José Carlos Cogo; Paulo Pinto Joazeiro; Jose Camillo Novello
Orientador: Sergio Marangoni; Stephen Hyslop
Resumo

Crotoxina, a principal neurotoxina do veneno das cascavéis Crotalus durissus terrificus e Crotalus durissus cascavella, é um complexo protéico que contém uma fosfolipase A2 (PLA2) básica e uma proteína ácida, crotapotina. O veneno e a crotoxina purificada do veneno de C. d. cascavella foram estudados quanto aos efeitos neurotóxico e miotóxico na preparação biventer cervicis de pintainho. O veneno e a crotoxina mostraram bloqueio neuromuscular nessa preparação em concentrações tão baixas quanto 0,2 mg/ml e 1 mg/ml. Quanto ao efeito miotóxico, a mionecrose foi mais marcante com altas concentrações de veneno e crotoxina (1, 5 e 25 mg/ml). Assim, o veneno de C. d. cascavella e sua crotoxina possuem um efeito neurotóxico preponderante e bastante potente nessa preparação, e uma ação miotóxica que foi observada somente em altas concentrações. Para melhor entender o mecanismo de neutralização da crotoxina por anticorpos foram produzidos antissoros específicos contra a crotoxina e PLA2 do veneno de C. d. cascavella. O título de anticorpos e a especificidade dos antisoros produzidos foram avaliados por ELISA e immunoblotting, respectivamente. A neutralização da atividade neurotóxica foi avaliada por intermédio de técnica miográfica nas preparações biventer cervicis de pintainho e nervo frênico diafragma de camundongo. A capacidade neutralizante dos antissoros na preparação de camundongo foi comparável à do soro comercial anticrotálico produzido contra o veneno de C. d. terrificus. O antissoro anti-crotoxina foi um pouco menos potente do que o antissoro anti-PLA2 no processo de neutralização e isso confirma o papel central da PLA2 no mecanismo de neurotoxicidade da crotoxina. Neste trabalho, nós também avaliamos a habilidade do antissoro produzido em coelho contra a crotapotina do veneno C. d. cascavella em neutralizar a neurotoxicidade e miotoxicidade deste veneno e crotoxina, e inibir a atividade enzimática do complexo crotoxina e da PLA2. Este antissoro neutralizou parcialmente o bloqueio neuromuscular causado pelo veneno e crotoxina na preparação frênico nervo-diafragma de camundongo, sem prevenir o dano morfológico resultante ou inibir a atividade fosfolipásica. Em contraste, antissoros contra a PLA2 e crotoxina neutralizaram o bloqueio neuromuscular e a atividade enzimática efetivamente. A neutralização parcial do bloqueio neuromuscular pelo anti-crotapotina sugere que este antissoro pode prevenir a interação da crotoxina com seu receptor causando dissociação do complexo crotoxina por se ligar a crotapotina. Neste estudo, nós também examinamos a habilidade dos antissoros contra a crotoxina e PLA2 em neutralizar a neurotoxicidade dos venenos de Crotalus durissus terrificus e Bothrops jararacussu e suas principais toxinas na preparação frênico nervo-diafragma de camundongo. Immunoblotting mostrou que o anti-crotoxina de C. d. cascavella reconheceu a crotoxina de C. d. terrificus e BthTX-I de B. jararacussu, enquanto que o antissoro contra a PLA2 reconheceu a PLA2 de C. d. terrificus e a BthTX-I de B. jararacussu. ELISA confirmou esta reatividade cruzada. Estes antissoros neutralizaram eficazmente o bloqueio neuromuscular causado pelo veneno e crotoxina de C. d. terrificus na preparação de camundongo em proporções semelhantes às usadas para neutralizar o veneno e a crotoxina de C. d. cascavella. Anti-crotoxina e anti-PLA2 também neutralizaram eficientemente o bloqueio produzido pelo veneno e principal toxina de Bothrops jararacussu, porém doses mais altas dos antissoros foram necessárias para essa neutralização. Então, os resultados mostram reatividade cruzada entre esses venenos e suas toxinas principais e também mostra que o antissoro produzido contra PLA2 eficazmente neutraliza a neurotoxicidade dos venenos de C. d. terrificus e B. jararacussu e suas toxinas PLA2. Esses resultados, portanto, confirmam o importante papel da PLA2 no mecanismo de neurotoxicidade dos venenos (AU)

Processo FAPESP: 01/14163-1 - Neutralizacao de atividades farmacologicas e enzimaticas de venenos crotalicos perante antivenenos.
Beneficiário:Daniela Gois Beghini
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado