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Brasileiramente estrangeiros, estrangeiramente brasileiros: discurso e língua-cultura no laço odiamoroso

Texto completo
Autor(es):
Letícia Cestari Matui
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Dissertação de Mestrado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Estudos da Linguagem
Data de defesa:
Membros da banca:
Maria José Rodrigues Faria Coracini; Marluza Terezinha Da Rosa; Renan Kenji Sales Hayashi
Orientador: Maria José Rodrigues Faria Coracini
Resumo

Este trabalho parte do pressuposto de que, na relação entre sujeitos, há o desdobramento de conflitos e tensões que desestabilizam noções de identidade e de alteridade. Apostando no laço (in)cômodo entre relações sociais, esta pesquisa parte do olhar da perspectiva discursivo-desconstrutiva, integrada à área da Linguística Aplicada, a qual opera às margens dos conflitos e convergências entre a visão desconstrutiva de Jacques Derrida, a psicanálise de Jacques Lacan e o discurso a partir de Michel Foucault. A partir dessa posição epistemológica, articulamos a problemática identitária com reflexões desconstrutivas de impossibilidade do pertencimento estático do sujeito de linguagem, dialogando com as propostas lacanianas de desejo, aquilo que nos movimenta em prol de um Ideal simbólico inconsciente, e de hainamoration, isto é, a relação entre ódio-amor que não permite distinção. Lançamos, então, a hipótese de que as representações de si e do outro, presente nos dizeres de brasileiros a respeito de estrangeiros, fazem emergir fragmentos de hainamoration (LACAN, [1972/1973] 1985). Para mobilizar nossa hipótese, realizamos entrevistas com brasileiros discentes de uma universidade pública, indagando sobre suas relações e percepções frente ao outro estrangeiro. Como resultados de análise discursiva, notou-se, primeiro, que o dizer dos participantes da pesquisa parecem indicar uma desestabilização de noções comumente aceitas do que é ser brasileiro, o que emerge também em suas percepções frente ao estrangeiro, fazendo ruir noções identitárias dentro do próprio território nacional. Em um segundo momento, notamos, também, a desestabilização identitária entre aqueles que tiveram experiências entre o dito materno e o dito estrangeiro, seja por relações familiares, de percepções de língua-cultura ou experiências de migração. Colocando a ruir identitário dos dois grandes eixos em discussão, os discursos dos participantes parecem apontar para a tensão entre o discurso cartesiano da necessidade de saber dizer-se em identidade, bem como a imposição de saber distinguir o outro estrangeiro, com a impossibilidade de fazê-lo de maneira completamente satisfatória, ecoando, pelas linhas da discursividade, movimentos odiamorosos entre o prazer e o desprazer das relações entre ser brasileiro e ser estrangeiro (AU)

Processo FAPESP: 21/06962-5 - A alteridade no discurso de brasileiros: percepções de desejo do outro estrangeiro
Beneficiário:Letícia Cestari Matui
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Mestrado