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Gênero e mulheres na governança climática: uma análise multinível a partir da Ecologia Política Feminista

Texto completo
Autor(es):
Lígia Amoroso Galbiati
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Data de defesa:
Membros da banca:
Leila da Costa Ferreira; Denise Cristina Vitale Ramos Mendes; Denisse Roca Servat; Sônia Regina da Cal Seixas
Orientador: Leila da Costa Ferreira; Marko Synésio Alves Monteiro
Resumo

A compreensão de que os processos de mudanças ambientais são generificadas define um campo de estudos e ativismo, inicialmente protagonizado por mulheres na década de 1970. No entanto, no campo da governança global das mudanças climáticas, a inclusão da agenda de gênero se dá oficialmente a partir de 2014 com o lançamento do "Lima work programme on gender", pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Apesar de um marco importante, teóricas e ativistas apontam limitações na abordagem hegemônica sobre gênero que ocorre nesses espaços. Seguindo a proposta da teórica colombiana Astrid Ulloa, partimos do conceito de "ecogovernamentalidade climática" para investigar a participação de mulheres e a incorporação dos debates de gênero na governança climática brasileira. Ao articular gênero, ciência e política a partir desse conceito, partimos da hipótese de que a governança climática brasileira reproduz essa ecogovernamentalidade, que define campos simbólicos de gênero no âmbito das mudanças climáticas, levando à limitação da atuação de mulheres e de grupos minorizados à esfera das vulnerabilidades. Para testar essa hipótese, realizamos um percurso multidimensional, com análise multinível, do internacional ao local, e considerando diversos setores. Partindo de uma perspectiva crítica assentada nas Ecologia Política Feminista, realizamos desde uma análise crítica do campo de gênero e mudanças climáticas, passando por espaços internacionais, políticos e de experts, pela avaliação da estrutura da governança climática brasileira em relação à participação feminina e às legislações climáticas a nível federal, pela análise de um projeto local de mudanças climáticas com olhar para gênero, "Pira no Clima", chegando até a análise de aspectos relacionados a atuação de grupos de mulheres da sociedade civil organizada nos debates do clima, com foco no contexto da Marcha Nacional de Mulheres Indígenas. Os resultados indicam que há uma reprodução da ecogovernamentalidade na estrutura da governança climática brasileira, na qual orientações transnacionais, com protagonismo do Norte global, definem as perspectivas de gênero, o que resulta em espaços de mitigação simbolicamente masculinizados e de adaptação, feminilizados. A partir do estudo de caso local foi possível evidenciar alguns dos desafios estruturais na inclusão de perspectivas de gênero, e neste sentido, a pesquisa oferece uma análise abrangente da governança climática no Brasil, destacando a relevância em tratar gênero como uma categoria crítica de análise para uma abordagem mais inclusiva e efetiva diante das mudanças climáticas. Por fim, com os aportes da práxis de movimentos de mulheres e feministas da América Latina e Brasil, destacamos a necessidade de superar visões binárias e hierárquicas, apontando para a importância de uma ciência compartilhada e participativa, considerando saberes diversos. Concluímos que a governança climática efetiva requer uma reconfiguração nas práticas científicas, que vá para além da inclusão de mulheres, mas que se comprometa na formação de alianças com diferentes povos e saberes para enfrentar os desafios impostos pela emergência climática (AU)

Processo FAPESP: 19/11515-8 - Mulheres na governança das mudanças climáticas: estudos de caso no estado de São Paulo
Beneficiário:Lígia Amoroso Galbiati
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado