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Psicopatologia e disfunção eretil: a clinica psicanalitica do impotente

Texto completo
Autor(es):
Maria Virginia Filomena Cremasco Grassi
Número total de Autores: 1
Tipo de documento: Tese de Doutorado
Imprenta: Campinas, SP.
Instituição: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Faculdade de Ciências Médicas
Data de defesa:
Membros da banca:
Mario Eduardo Costa Pereira
Orientador: Mario Eduardo Costa Pereira
Resumo

O objetivo deste trabalho é estudar, sob uma perspectiva psicanalítica, a dimensão psicopatológica de sujeitos com problemas eréteis. Esta pesquisa surge da prática clínica e analítica da pesquisadora com homens com problemas sexuais e propõe um diálogo de interface da psicanálise com a andrologia. O texto supõe que o leitor tenha uma prática clínica como base para acompanhar a dinâmica teórica e examinar a partir de sua própria experiência a eventual relevância das hipóteses e proposições apresentadas. Focalizamos como sendo o sintoma do sujeito, a disfunção erétil e consideramos a impotência como sendo a expressão de sua implicação subjetiva no surgimento desse sintoma, seu pathos e dor psíquica. Nossa hipótese era de que a impotência se manifestava ou se revelava no sujeito com disfunção erétil, o 'sujeito-sintoma impotente¿, como expressão de aspectos psicopatológicos relacionados a falhas no processo de assunção à identidade masculina relacionados à atribuição fálica. Haveria um 'modo permanente¿ generalizável do impotente constituir seus objetos? Poderíamos falar de uma estrutura psíquica do impotente ou de um modelo psicopatológico da impotência?Nossa reflexão contemplou o surgimento, em 1998, do citrato de sildenafil, medicação oral para a disfunção erétil, e suas implicações clínicas. Com a remissão farmacológica do sintoma, o que aconteceria à suposta questão psicopatológica subjacente a ele? Estabelecemos um método de investigação analítica que nos conduziu do material clínico à reflexão, por intermédio de entrevistas e atendimento psicoterapêutico de casos submetidos e não submetidos à medicação. Foram entrevistados 87 pacientes e selecionados 25 para receberem o medicamento do Laboratório Pfizer, durante 6 meses, e serem acompanhados em psicoterapia por dois anos. Focalizamos os casos nos quais houve uma persistência sintomática do problema sexual, isto é, mesmo que a medicação tenha possibilitado a recuperação da ereção peniana, os pacientes continuavam insatisfeitos com seu desempenho ou inseguros. Concluímos que para os impotentes, a histeria mostra-se como um paradigma fecundo na compreensão da psicopatologia de sua impotência. O que ativa os núcleos histéricos nesses sujeitos não é somente a 'dis-função¿, mas a impotência na disfunção erétil, ou seja, sua implicação subjetiva como falha da masculinidade. A histeria, como paradigma, ilumina pontos comuns à impotência em diferentes estruturas psíquicas. Afirmamos que na histeria a castração não funcionou, no sentido de cumprir sua função estruturante de instauração do gozo fálico e como possibilidade de acesso ao prazer sexual, ou seja, como um limite ao gozo impossível, ao gozo do Outro, ao gozo do ser. É para não ter o falo e com ele admitir o limite da castração, que os histéricos recusam-se a ter (só) prazer e a responder genitalmente à excitação. A angústia de castração do histérico é o reflexo dela não ter sido total ou verdadeiramente instituída e subjetivada para ele, ficando à deriva, não podendo ser recalcada, insuficiente para implementar a potência genital e representando uma ameaça real demais. O histérico com sua impotência faz para o outro, um teatro do gozo para dramatizar sua recusa da castração. Ele diz não para a excitação e para o prazer sexual, para viver na nostalgia do gozo, à beira, muitas vezes, de se eclipsar como sujeito no assujeitamento de seus sintomas corporais (AU)

Processo FAPESP: 97/05489-3 - O imaginário erótico e a identidade masculina: uma perspectiva psicanalítica
Beneficiário:Maria Virginia Filomena Cremasco Grassi
Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Doutorado