Subversão do sistema complemento por leptospiras como possível mecanismo de evasão imune no rim

Resumo

Espiroquetas pertencentes ao gênero Leptospira são bactérias causadoras da leptospirose. Altamente móveis, leptospiras patogênicas penetram no hospedeiro por abrasões na pele ou mucosas e rapidamente atingem os órgãos-alvo. O rim é sempre considerado como um sítio imunoprivilegiado na leptospirose, dado o tropismo e a persistência destas espiroquetas neste órgão. Alguns estudos sugerem mecanismos que possibilitam a sobrevivência de leptospiras no tecido renal, como a formação de biofilme. Além disso, análises proteômicas indicam uma diminuição da expressão proteica e de antígenos durante a infecção renal em ratos, o que facilitaria sua persistência no hospedeiro. Para avaliar a ação de leptospiras sobre o tecido renal, estudos recentes têm utilizado células HK-2 imortalizadas, oriundas do túbulo renal proximal humano, como modelo in vitro. As células HK-2 produzem importantes proteínas do complemento como C3, Fator B e Fator H, além de moléculas pertencentes às outras vias deste sistema como C1q, C2 e C4. Sendo assim, neste estudo pretendemos avaliar se L. interrogans sorovar Copenhageni L1-130, uma espécie patogênica, virulenta, regularmente mantida em laboratório como modelo de estudo, é capaz de subverter a ação da via alternativa do sistema complemento, inativando moléculas da cascata produzidas localmente por estas células renais. Nossa hipótese é de que tal mecanismo, aliado àqueles acima mencionados, possa contribuir para a sobrevivência dessas bactérias nos rins de hospedeiros. (AU)