Investigação do potencial genotóxico do artesunato, da artemisinina, da 4-hidroxicumarina esculetina: implantação da metodologia de mutagênese in vitro

Resumo

O desenvolvimento industrial e tecnológico em geral tem como consequência inevitável a exposição do homem a um número crescente de agentes que, se por um lado lhe aumentam o conforto e a riqueza, constituem, por outro, um risco para sua saúde. Por isso, é imprescindível estabelecer normas de uso de agentes, baseadas em estudos capazes de identificar os que têm potencialidades mutagênicas, teratogênicas ou carcinogênicas. Dentre estes agentes, estão as plantas com potencialidade medicinal. Sua utilização remonta séculos e a popularidade das mesmas está conectada ao fácil acesso, eficácia terapêutica, baixo custo relativo e impressão de total ausência de efeitos tóxicos. Entretanto, recentemente a segurança de alguns destes compostos fitoterápicos tem sido questionada, devido a relatos de toxicidade e fatalidades. A artemisinina, princípio ativo da planta Artemísia annua, e alguns de seus derivados, têm sido recentemente recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para combater a malária. O mesmo ocorre com um de seus derivados, o artesunato, com resultados cientificamente comprovados de ação antimalárica. Com base no fato de que estes dois compostos nunca foram objeto de estudos envolvendo a sua biossegurança com relação ao genoma, o presente projeto foi elaborado visando avaliar o potencial genotóxico da artemisinina e do artesunato, por intermédio do ensaio cometa e do teste do micronúcleo, testes reconhecidos para avaliação de genotoxicidade e clastogenicidade/aneugenicidade, respectivamente. O desenvolvimento deste projeto permitirá a implantação da metodologia envolvendo cultura de células eucariontes (e conseqüentemente, a linha de mutagênese in vitro) no laboratório de Genética Toxicológica, montado no CEPEN - Centro de Estudos e Pesquisa em Neurociências, na UNESP de Marília (Processo FAPESP: 2006/57514-2). Este projeto está associado ao pesquisador Dr. Fábio Ferreira Perazzo, docente da Universidade Federal do Estado de São Paulo, responsável pelo isolamento dos compostos artemisinina e artesunato, além dos ensaios farmacológicos para a validação destas substâncias. (AU)