"Revolução e tempo: Nacionalismo, socialismo e temporalidade em Cuba"

Resumo

Este projeto analisará a semântica do termo "Revolução" em Cuba como forma de discutir a relação entre temporalidade, nacionalismo e socialismo real. Ao examinar os múltiplos usos desse termo e de seus correlatos, o projeto busca entender a historicidade e temporalidade que eles pressupõem e ajudam a produzir. No campo semântico que tem prevalecido em Cuba desde os anos sessenta, o termo "Revolução" denota tanto o atual regime como as lutas nacionalistas iniciadas no século dezenove, enquanto o termo "revolucionário" goza de uma avaliação moral positiva mesmo entre os críticos do regime. Este projeto analisará esses fenômenos e os relacionará à ênfase do discurso oficial nos reveses sofridos pelo socialismo e à experiência popular de uma temporalidade marcada por dificuldades cotidianas e por uma espera permanente. A primeira hipótese preliminar deste projeto é de que a conjunção desses fenômenos produziu em Cuba uma "revolução rotatória", caracterizada por uma permanente reiteração de batalhas e por uma protelação ad infinitum do sucesso final do socialismo. A segunda hipótese preliminar é que a polissemia dos correlatos do termo "Revolução" em Cuba tem contribuído para a conformidade política e para a preservação do socialismo no país. O projeto está baseado em observação participante, entrevistas semi-estruturadas e pesquisa de arquivo, e analisará tanto o vasto acervo pessoal de que já disponho, coletado durante trabalho de campo anterior, e em dois meses adicionais de pesquisa de campo. Os principais produtos deste projeto consistirão em conferências na USP, comunicações em congressos nacionais e internacionais, quatro artigos publicados em periódicos altamente conceituados, e um livro que reunirá tais artigos a dois capítulos adicionais (uma Introdução e uma Conclusão).