Influência da vacinação com DTPa em gestantes no perfil da resposta imunológica contra a Bordetella pertussis na criança

Resumo

A coqueluche é uma doença infectocontagiosa aguda do trato respiratório, causada pela bactéria Bordetella pertussis. Sua taxa de ataque chega a 90% entre contatos não imunizados, contribuindo para a mortalidade infantil no mundo todo. A introdução da vacinação foi fundamental para a queda de mais de 95% da incidência de coqueluche, porém, nos últimos anos, tem sido observado aumento global do seu número de casos. Uma estratégia que visa controlar a reemergência da doença é a oferta de vacinas a gestantes, a partir do terceiro trimestre de gravidez. O objetivo é induzir altos títulos de anticorpos no feto, resultando na proteção do recém-nascido nos primeiros meses de vida, ou seja, antes que o esquema normal de vacinação esteja concluído. No final de 2014, o Ministério da Saúde oficializou a decisão de incluir a nova vacina no Calendário Nacional de Vacinação, que nos próximos meses estará disponível em todo o país. Apesar da estratégia de vacinar gestantes já ser utilizada em diversos países, pouco se sabe sobre sua eficácia, efetividade e interação com a posterior vacinação da criança. Anticorpos maternos ajudam a proteger recém-nascidos da infecção causada por B. pertussis mas podem, também, neutralizar a vacinação da criança, diminuindo a eficiência vacinal. Além disso, a imunização materna durante a gestação pode causar a transferência de antígenos e citocinas para o feto, o que pode induzir um desvio do perfil de resposta ou até mesmo tolerância imunológica do recém-nascido. Esses aspectos são particularmente importantes e devem ser investigados quando novos programas de vacinação materna estão sendo implantados.