Crianças que vêem pessoas mortas: inter-subjetividade e experiências mediúnicas na infância

Resumo

O estudo da mediunidade está relacionado às origens da psicologia e ao desenvolvimento de conceitos e ideias psicológicas. Atualmente, duas áreas interrelacionadas que se ocupam em pesquisar a mediunidade e seus experienciadores são a psicologia da religião e a psicologia anomalística. Recorrentemente ela é estudada em adultos, que alegam seu início na infância. Nesse sentido, a literatura sobre este fenômeno na infância é pouca, no mundo e no Brasil. Os estudos revisados apontam que a mediunidade em crianças pode estar ligada a processos de saúde e doença, formação da identidade, de grupos religiosos, sentido de vida e visão de mundo. No entanto, pouco se sabe a respeito das crianças que a experienciam, como o fenômeno surge, seus desenvolvimentos e implicações para os experienciadores e os contextos onde podem ocorrer. Dessa maneira, o presente estudo objetiva, por meio de uma pesquisa empírica e qualitativa, investigar a mediunidade em crianças que a relatam, considerando a relação entre as dimensões intrapsíquica e psicossocial, as características da mediunidade na infância, suas origens e desenvolvimentos, sentidos e significados, e possíveis aspectos de saúde mental das crianças. Para isso, serão realizadas observações-participantes, desenhos pelas crianças indicadas como experienciadoras da mediunidade e entrevistas em profundidade com elas. O material produzido será analisado com base na articulação entre a teoria da construção social da realidade de Berger & Luckmann e a psicologia analítica de C. G. Jung. Embora a primeira perspectiva penda ao psicossocial e a segunda ao intrapsíquico, são entendidas como complementares para o estudo aqui pretendido. (AU)