Microcirurgia de vasos e nervos periféricos: estudo no rato

Resumo

Frente 1: O advento das técnicas microcirúrgicas, especialmente nas micro- anastomoses vasculares, permitiu o largo emprego de enxertos arteriais e venosos. Porém, o grande problema dessa técnica é a alta taxa de reoperação, devido à inevitável degeneração do tecido enxertado. Na Cirurgia Plástica, muitos retalhos livres apresentam trombose no pós-operatório e necessitam reabordagem. Pensamos, pois, que os excessos dos pedículos descartados, especialmente os arteriais, poderiam ser sepultados no subcutâneo e, se necessários, utilizados como enxertos, o que reduziria as complicações da retirada de novos enxertos vasculares, em casos de reabordagem do pedículo. Pode-se encontrar na literatura médica relatos bem-sucedidos da preservação subcutânea de tecido autólogo, principalmente enxertos ósseos, sendo a técnica viável, de baixo custo e com baixa taxa de infecção. Entretanto, não foram encontradas informações sobre o uso e a viabilidade de bancos de enxertos vasculares sob a pele de pacientes. Dessa forma, desejamos avaliar a viabilidade da criação de um banco de enxertos vasculares autólogos sob a pele para uso posterior e analisar possíveis degenerações que ocorram durante o período de alojamento.Frente 2:A implantação de um enxerto de nervo periférico no sistema nervoso central (SNC), se possível, abriria inúmeros caminhos para o tratamento de doenças, atualmente sem cura. Nas décadas de 1980 e 90, alguns pesquisadores, como Aguayo, Benfey e Morrow, realizaram enxertos de nervos periféricos implantados no SNC - medula espinal, cérebro e tálamo - alcançando resultados positivos, com crescimento axonal e condução de corrente elétrica, embora não houvesse indícios de que eram capazes de realizar sinapses. Os trabalhos supracitados são relevantes porque buscaram, através de enxertos do SNP no SNC, analisar a viabilidade de regeneração de neurônios danificados e de crescimento axonal. Entretanto, não foi encontrado na literatura nenhum experimento no qual uma das extremidades de um enxerto de nervo periférico tenha sido colocada no subcutâneo, fixada ao periósteo, e a outra inserida em diferentes locais cerebrais. Desse modo, o foco do presente estudo será analisar a viabilidade de regeneração axonal a partir do tecido cerebral em enxerto de nervo periférico, levando estes axônios para fora do crânio. A dúvida da ocorrência dessa regeneração axonal nos levou a realizar esse experimento. Frente 3: O risco de lesão de nervo periférico relacionada à realização de procedimentos médicos é real, especialmente devido às agulhas em injeções ou bloqueios de nervo e também às agulhas nas suturas. A lesão pode decorrer do estiramento, compressão, hipoperfusão, trauma direto ou exposição do nervo a substâncias neuro-tóxicas. Porém, pouco se sabe se a simples penetração da agulha no nervo determinaria uma lesão; ou se a injeção intra-neural de diferentes substâncias, como a solução salina (0,9% NaCl) e a Lidocaína, apresentaria diferentes níveis de lesões. Ademais, suturas contínuas na pele, como a rede hemostática de Auersvald, possuem grandes chances de penetrar em nervos, devido à constante entrada e saída da agulha, sendo que não existem estudos sobre a letalidade dessas possíveis transfixações. Para entender melhor esse trauma, decidimos realizar esse trabalho. (AU)