Evolução metamórfica e o início da tectônica de placas: rutilo detrítico como proxy na identificação de mudanças seculares no metamorfismo

Resumo

A Terra é o único planeta do Sistema Solar caracterizado por um regime de tectônica de placas ativo, responsável pela cíclica formação de supercontinentes e que desempenhou um importante papel na oxigenação da atmosfera, na adição de nutrientes nos oceanos e na produção de recursos que deram suporte a biosfera. Apesar de sua importância, ainda não há consenso dentro da comunidade científica sobre a idade em que a tectônica de placas começou a ser totalmente operante, gerando discussões se ela estaria operante desde o Arqueano ou se apenas se desenvolveu no Paleoproterozoico. Para identificar quando a tectônica de placas começou, o registro metamórfico é amplamente utilizado para interpretar sua idade e condições de formação, uma vez que sua característica mais importante está ligada com a existência de cinturões metamórficos pareados com condições metamórficas de alta e baixa T/P. Visando discutir e identificar quando a tectônica de placas nos moldes atuais começou a vigorar, este projeto de pesquisa tem como objetivo analisar rutilo detrítico, uma fase de Ti estável em altas/ultra-altas pressões, que se forma durante processos de subducção em regimes metamórficos na crosta profunda. Atualmente, o rutilo vem sendo utilizado como um novo proxy na identificação de condições de baixa T/P e cinturões metamórficos pareados, uma vez que pode ser datado pelo método U-Pb e ter sua temperatura de cristalização calculada (geotermômetro Zr-in-rutile). Considerando o exposto, o presente projeto de pesquisa visa identificar se há mudanças na distribuição das condições de T/P do Arqueano (Provincia Superior, Ontario e Quebec, Canadá) ao Paleoproterozoico (Cráton São Francisco, Brasil e Cráton Oeste Africano, Escudo Man, Gana, África), buscando evidências de quando a tectônica de placas entrou em vigor. (AU)