Efeito do padrão de distribuição, densidade e diversidade de árvores nativas em sistema silvipastoril no bioma amazônico

Resumo

Sistemas Silvipastoris (SSP) representam uma abordagem sustentável que integra ruminantes, gramíneas, arbustos e árvores para mimetizar ecossistemas florestais, aumentando assim a captura de carbono, os serviços ecossistêmicos e o bem-estar animal, ao mesmo tempo que promove a produção sustentável de carne/leite. Além disso, a incorporação de árvores/arbustos em sistemas baseados em gramíneas oferece benefícios nutricionais, reduz custos e manipula a fermentação ruminal para diminuir as emissões de CH4, contribuindo para a produção sustentável de ruminantes ao reduzir a dependência de fertilizantes químicos. Numerosos benefícios têm sido documentados em relação à adoção de SSP para a recuperação de pastagens degradadas no Brasil, sendo significativo o uso de espécies exóticas no componente arbóreo. Considerando a vasta diversidade biológica brasileira, marcada pela presença de seis biomas reconhecidos pela sua excepcional resiliência ecológica, inclusive em solos de baixa fertilidade, a introdução de espécies nativas emerge como uma perspectiva promissora para os SSP. O propósito fundamental deste estudo é avaliar minuciosamente os benefícios e desafios associados à integração de espécies arbóreas nativas em SSP implantados através de processos de regeneração natural no bioma amazônico, concentrando-se em três variáveis-chave: padrão de distribuição (disperso ou agregado), densidade (com quatro gradientes de cobertura arbórea) e diversidade arbórea. A pesquisa será conduzida em uma propriedade rural situada no município de Nova Guarita, no estado de Mato Grosso, composta por 120 parcelas dedicadas a SSP, voltadas para a produção de gado de corte. O estudo será subdividido em duas fases distintas. Na fase inicial, as parcelas serão meticulosamente categorizadas conforme o padrão de distribuição e densidade das árvores, empregando imagens georreferenciadas obtidas por drones. Posteriormente, 60 parcelas serão selecionadas para a identificação botânica de todas as árvores presentes. A segunda fase consistirá na avaliação abrangente dos atributos químicos, físicos e biológicos do solo, sequestro de carbono, juntamente com a medição das emissões de CO2, CH4 e N2O do solo, a análise da produção e composição morfológica da biomassa forrageira, a avaliação do valor nutritivo da forragem e dos recursos arbóreos com potencial forrageiro, a determinação da proporção de consumo de plantas de ciclo fotossintético C3 e C4, e a estimativa do consumo de matéria seca e das emissões de CH4 pelos animais em pastejo. Espera-se que esta investigação proporcione uma compreensão detalhada dos benefícios e restrições associados aos padrões de distribuição, densidade e diversidade arbórea em relação aos parâmetros relacionados à forragem, solo e animal, visando estabelecer orientações precisas para a implementação de SSP que envolvam espécies arbóreas nativas. Por meio dessas ações, almeja-se contribuir significativamente para o avanço do conhecimento tecnológico que promova o desenvolvimento e a disseminação da prática do uso de árvores nativas em SSP no contexto brasileiro.