Busca avançada
Ano de início
Entree

Entre documentos de investigação: quando esquadrinhar pedaços de carne é produzir provas materiais?

Processo: 13/22349-5
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Doutorado
Data de Início da vigência: 01 de março de 2014
Data de Término da vigência: 30 de junho de 2016
Área de conhecimento:Ciências Humanas - Antropologia
Pesquisador responsável:Maria Filomena Gregori
Beneficiário:Larissa Nadai
Instituição Sede: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas , SP, Brasil
Assunto(s):Estupro   Documentos oficiais   Estado (direito)   Prova pericial
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:convenções narrativas | documentos oficiais | Estado | Estupro | exames periciais | Estudos de Gênero e Sexualidade

Resumo

Minha pesquisa de doutorado tem por intuito colocar sob reflexão os documentos oficiais de perícia produzidos pelo Instituto Médico Legal (IML) de Campinas em casos de estupro. Ao me centrar nessas provas materiais, dou continuidade aos estudos iniciados em meu mestrado, no qual me debrucei sobre os documentos oficiais produzidos pela Delegacia de Defesa da Mulher de Campinas em casos de estupro e atentado violento pudor, entre os anos de 2004 e 2005. Agora, com o intuito de realçar, especificamente, essas provas materiais, buscarei, no decorrer desta pesquisa circunscrita ao Núcleo de Perícia da cidade, discutir quais convenções narrativas são forjados nesses laudos, bem como o tipo de saber produzido quando se esquadrinha corpos, convertendo pedaços de carne em documentos oficiais da Polícia Técnica Científica. Imerso em estudos antropológicos, esse projeto de doutorado busca contribuir com os estudos que tomam como objeto de reflexão a produção de documentos oficiais em instituições estatais. Além disso, em estreita relação com esse campo de estudos, entendo essa produção documental como via de acesso a "processos de Estado" e aos múltiplos exercícios de poder gestados nessas "modalidades de gestão administrativas burocráticas". Neste sentido, a pesquisa visa problematizar os mecanismos de produção desse tipo de escrita técnica, buscando, por um lado, compreender os mecanismos de institucionalização desses Institutos Médico Legais, sua produção como saber técnico científico, bem como destacar as fronteiras pelas quais aquilo que denominamos "Estado" pode ser imaginado e experimentado cotidianamente através desses atos burocráticos que visam documentar crimes. Por outro lado, a pesquisa também busca se debruçar sobre esses laudos oficiais e esmiuçá-los, colocando em evidência não apenas as representações médicas forjadas a partir desses pedaços de carnes, senão colocar sob reflexão os indexadores morais imbricados nesse saber médico e policial e que dão fundo a estética desses corpos/pedaços - sexualizados e sexualizáveis - que sob a forma de papel materializam/representam por meio de atributos de gênero, sexualidade, classe, raça e geração a materialidade desses corpos sob perícia. Nesse sentido, essa pesquisa está em estreito diálogo com o campo de estudos de gênero e sexualidade. Finalmente, esse projeto busca adotar um olhar atento as similitudes e as diferenças que atravessam esses documentos: aquilo que é 'convencionalizado' por meio de termos, carimbos, variação de letra, quesitos preenchidos ou não, conclusões sucintas ou detalhadas, e, também, aquilo que 'sobra' dessas convenções narrativas. Resquícios que acabam por interpelar esse fazer padronizado e burocrático posto em ação nessas "repartições", que visam preencher papéis ao mesmo tempo em que, por meio deles, produzem sua autoridade técnica científica. (AU)

Matéria(s) publicada(s) na Agência FAPESP sobre a bolsa:
Mais itensMenos itens
Matéria(s) publicada(s) em Outras Mídias ( ):
Mais itensMenos itens
VEICULO: TITULO (DATA)
VEICULO: TITULO (DATA)

Publicações acadêmicas
(Referências obtidas automaticamente das Instituições de Ensino e Pesquisa do Estado de São Paulo)
NADAI, Larissa. Entre pedaços, corpos, técnicas e vestígios: o Instituto Médico Legal e suas tramas. 2018. Tese de Doutorado - Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Campinas, SP.