Hysteresis nas exportacoes manufaturadas brasileiras: uma analise de cointegracao com dados em painel

Resumo

Sob a atual desaceleração da economia mundial, a sustentabilidade do superávit comercial brasileiro volta ao centro do debate político-econômico. No entanto, apesar da recente queda no crescimento das exportações, a resposta das vendas externas à valorização cambial tem sido mais lenta do que previa a teoria econômica. Essas evidências sugerem a lentidão na correção dos desvios de uma relação de longo prazo entre o câmbio e as exportações, motivando a pesquisa sobre a presença de hysteresis no comércio brasileiro. Os modelos de hysteresis em comércio internacional são baseados na existência de custos de entrada e saída do mercado externo enfrentados pelas firmas. Contudo, há á possibilidade de agregar esse comportamento, a fim de analisar o efeito de hysteresis em nível macroeconômico. As predições desse modelo foram confirmadas por Kannebley (2008) para o caso brasileiro em alguns setores industriais. Baseado nesse referencial teórico, este estudo busca reafirmar essa proposição, porém, com um diferencial metodológico: a utilização de modelos com dados em painel testando a hipótese de cointegração. Essa metodologia permite lidar com efeitos específicos aos setores industriais e realizar testes de hysteresis para o total das exportações manufaturadas a partir de informações desagregadas, proporcionado maior eficiência na estimação, além de possibilitar a estimação com séries não-estacionárias. Para isso, propõe-se a inclusão nos modelos de oferta e demanda de exportações de uma variável representativa da hysteresis, segundo os métodos de Göcke (1994, apud Göcke, 2001) e Piscitelli et alii (2000), testando a significância da captação do efeito em cada uma das construções. (AU)