O São Paulo Agrário na era da globalização

Resumo

A configuração agrária do estado de São Paulo pode ser caracterizada por aspectos que se articulam na multiterritorialidade do mesmo. As dimensões do meio-ambiente, do econômico, do social, do político, do ideológico e do cultural interagem de modo a se sobrepor por todo o território paulista evidenciando relações de poder e correlações de força na produção de diferentes escalas. Desde sua fundação na época colonial, o São Paulo agrário vem sendo configurado pelas interações dos sujeitos produzindo escalas de dominação ou resistência/(re)criação, algo que continua no período contemporâneo da Nova República. Percebemos, nestes últimos 30 anos, uma intensificação do papel do global num estado que se transformou gradualmente do século XIX até hoje em um grande participante também no mercado internacional de commodities. Nossa preocupação também estará então em significativos agentes sociais; o empresariado agrário brasileiro e estrangeiro, apoiado no sistema do agronegócio e nas políticas neoliberais, bem como o campesinato forjado na luta representados nos Sem-terras, sujeitos que tensionam seus modos de vida, disputam e negociam o espaço e o desenvolvimento territorial rural no estado de São Paulo e no Brasil. Incorporar a história atrelada a geografia para compreender processos e dinâmicas em uma análise cartográfica que contempla a influência das forças humanas qualitativas. Esse trabalho buscará contribuir com uma representação prática de como utilizar as ferramentas da Cartografia Geo-histórica Crítica, tendo o São Paulo Agrário como instrumento para entender melhor os novos desafios da questão agrária no limiar do século XXI.