Haplótipos no gene IL4 estão associados com suscetibilidade à doença periodontal?

Resumo

Atualmente a doença periodontal (DP) é tida como uma das maiores causas da morbidade dental em todo o mundo. Tem-se considerado a DP como uma patologia de caráter multifatorial, pois há interação entre a infecção por microrganismos periodontopatogênicos e fatores do hospedeiro como a carga genética, stress e hábitos como fumo. O tecido periodontal inflamado apresenta muitos linfócitos T e macrófagos que produzem várias citocinas. Uma importante citocina que tem sido investigada na DP é a interleucina 4 (IL-4). A literatura apresenta resultados conflitantes sobre a concentração de IL-4 (tanto em nível de RNA mensageiro quanto proteína) no soro, em fluido e tecido gengival de pacientes com e sem DP. Um fato interessante foi a observação que determinados polimorfismos no gene IL4 relacionaram-se à baixa produção da citocina em pacientes alemães com periodontite agressiva. Como a frequência de alelos dos polimorfismos varia de acordo com a etnia ou população, a busca de marcadores genéticos de suscetibilidade à DP se faz importante na população brasileira, não só pelo alto índice de pessoas afetadas, mas pela particular característica genética da nossa população que é altamente miscigenada. O objetivo deste projeto é investigar se polimorfismos no gene IL4, e/ou os haplótipos por eles formados, estão relacionados com suscetibilidade à Doença Periodontal. Este estudo visa ampliar (para o gene IL4) a investigação da relação genética na DP, pois polimorfismos em outros genes já estão sendo investigados pelo presente grupo de pesquisa com o apoio da FAPESP. Farão parte deste estudo 125 indivíduos com DP e 125 indivíduos sem DP que tiveram seu DNA extraído de células da mucosa oral obtidas por meio de bochecho com glicose a 3%. Serão investigados três polimorfismos no gene IL4 (-590 C/T, +33 C/T e 70 Pb Del/Ins, localizados no promotor, exon e intron, respectivamente) por meio da amplificação de parte do gene por Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) seguida de digestão por enzimas de restrição para os dois primeiros loci. Como o polimorfismo no intron é do tipo VNTR (número variável de repetições em tandem), a distinção dos genótipos se dará pela simples amplificação por PCR. Os produtos da PCR, digeridos ou não, serão submetidos a eletroforese em gel de agarose ou poliacrilamida seguida de coloração por brometo de etídio ou nitrato de prata para possibilitar a genotipagem de cada indivíduo para cada lócus. Os resultados serão analisados estatisticamente (teste odds ratio, equilíbrio de Hardy-Weinberg, desequilíbrio de ligação), no intuito de verificar se há associação dos referidos polimorfismos com a DP na nossa população.Desta forma, pretende-se contribuir com a melhor compreensão do papel da imunogenética na DP na nossa população, mais especificamente no que se refere ao gene IL4, para futuramente, poder detectar indivíduos que, pela sua carga genética, necessitem de um maior acompanhamento odontológico para manutenção da sua saúde oral. (AU)