Estudo do efeito do nadolol na dor associada às disfunções temporomandibulares.

Resumo

As disfunções temporomandibulares (DTM) são condições dolorosas que envolvem a articulação temporomandibular (ATM) e os músculos mastigatórios. Essas condições apresentam maior prevalência, severidade e duração no sexo feminino e são comumente associadas à inflamação. Apesar das drogas antiinflamatórias não esteroidais (AINEs) serem freqüentemente utilizadas no controle de dores inflamatórias, muitos pacientes podem apresentar intolerância ao tratamento prolongado e nem todos os pacientes com dor inflamatória na ATM respondem aos efeitos de tais medicamentos. Sabe-se que a dor inflamatória possui um componente simpático que pode predominar em casos com menor sensibilidade aos AINEs. Nesse contexto, dados obtidos recentemente em nosso laboratório indicam que as aminas simpatomiméticas são liberadas na ATM durante um processo inflamatório onde contribuem com o desenvolvimento de hiperalgesia na ATM de ratos através da ativação de adrenoceptores b2 localizados nessa região. Clinicamente não se sabe se o uso de b - bloqueadores reduz a dor na ATM, mas é possível que sim, uma vez que: 1) a ATM possui rica inervação simpática, 2) os b-bloqueadores são utilizados no tratamento de enxaqueca, que por sua vez apresenta algumas características em comum com a dor na ATM. Diante do exposto, o objetivo deste trabalho é testar a hipótese de que o uso de b-bloqueadores, já utilizados no tratamento de enxaquecas, diminui a dor e a alodínia associada à DTM de mulheres em diferentes fases do ciclo menstrual e de homens. Neste estudo duplo-cego, cruzado e aleatório os voluntários portadores de Disfunção Temporomandibular receberão medicamento b-bloqueador, antiinflamatório ou placebo seis dias por mês para os homens durante um mês e seis dias por mês para as mulheres durante dois meses consecutivos. A dor associada à DTM será avaliada através da utilização da escala visual analógica e a alodínia através da avaliação da medida da abertura bucal e da força de mordida. Tanto a dor como a alodínia serão avaliadas, com ou sem ingestão de medicamentos, em voluntários com ou sem DTM.O estudo proposto poderá contribuir com o tratamento da dor associada à DTM, uma vez que tem potencial para oferecer uma nova opção farmacológica levando em consideração o status hormonal do paciente, o que contribuirá para a obtenção de um maior índice de sucesso com a utilização do mesmo.