Cultivo axênico e caracterização de organismos do gênero Acanthamoeba isolados no Brasil: genotipagem, inferências filogenéticas e potencial patogênico

Resumo

Amebas de vida livre do gênero Acanthamoeba são protozoários ubiquitários e frequentemente isolados do ambiente. Multiplicam-se sob forma trofozoíta e encistam quando as condições do meio tornam-se desfavoráveis. Os cistos resistem a dessecação, a vários agentes químicos e físicos, permanecendo viáveis e infectantes durante muitos anos. Acanthamoeba spp. são agentes de infecções oportunistas geralmente fatais (encefalite granulomatosa, lesões cutâneas disseminadas) e também de ceratites (úlcera de córnea), que acometem indivíduos saudáveis, particularmente usuários de lentes de contato. A lista de isolados clínicos e de ambiente de Acanthamoeba aumentou significativamente nos últimos anos, salientando a importância da identificação correta de espécies/genótipos e da avaliação do potencial patogênico. Organismos do gênero Acanthamoeba são muito pouco investigados no Brasil, não se conhecendo a diversidade genética e o potencial patogênico das espécies prevalentes no país. O exame de amostras de solo e água de diversas regiões do Brasil (trabalho em andamento) resultou em 30 novas culturas de Acanthamoeba. A caracterização molecular e a avaliação do potencial patogênico de isolados brasileiros são o foco da presente proposta. Pelo sequenciamento do gene da subunidade menor do RNA (SSU rRNA) e análises filogenéticas, propomos: a genotipagem dos isolados brasileiros de ambiente; avaliar o polimorfismo genético de isolados de ambiente e de casos clínicos (ceratites) brasileiros; inferir as relações filogenéticas entre isolados brasileiros e as demais espécies/isolados de Acanthamoeba. Indicadores indiretos de virulência (termo- e osmotolerância, secreção de peptidases) também serão investigados. (AU)