Papel de adenosina e prostaglandina-E2 sobre a eficiência da infestação por carrapatos Rhipicephalus sanguineus

Resumo

Carrapatos são artrópodes hematófagos que parasitam hospedeiros vertebrados e transmitem uma variedade de agentes infecciosos. Durante o período parasitário os carrapatos inoculam saliva no local de fixação na tentativa de conter os mecanismos de proteção dos seus hospedeiros e assim facilitar seu ingurgitamento e propagação. A saliva de carrapatos contém diversas substâncias com propriedades antihemostáticas, antiinflamatórias e imunomoduladoras e são essas moléculas que permitem que os carrapatos fiquem fixados e se alimentando durante todo esse período. Corroborando com essas informações nosso grupo tem mostrado que saliva de carrapatos Rhiphicephalus sanguineus é capaz de modular a função de diversas células imunes, incluindo, macrófagos, linfócitos e células dendríticas (CDs). Na tentativa de investigar quais moléculas são responsáveis por esses efeitos imunomoduladores demonstramos que a saliva de carrapatos da espécie R. sanguineus contém o nucleosídeo adenosina (ADO) e o eicosanóide prostaglandina-E2 (PGE2) e que essas moléculas são responsáveis pela modulação da produção de citocinas e pela inibição da expressão da moléculas co-estimuladoras em CDs. Inúmeras evidências mostram que ADO e PGE2 são moléculas essenciais para a modulação das atividades de CDs e de outras células imunes do hospedeiro e isso poderia comprometer a capacidade destes em desenvolver imunidade protetora contra carrapatos. Assim, o objetivo deste trabalho é investigar, in vivo, o papel da ADO e PGE2 durante a infestação por carrapatos. Para isso, avaliaremos os parâmetros biológicos e reprodutivos de carrapatos R. sanguineus alimentados em camundongos deficientes (knockouts) para receptores de ADO ou camundongos tratados com antagonistas de receptores de PGE2. Além disso, será avaliada a capacidade dos carrapatos em modular a resposta imune celular (em especial as CDs), vias de sinalização intracelular e produção de anticorpos dos camundongos sob essas mesmas condições. Os resultados desse trabalho fornecerão bases para o entendimento da relação carrapato-hospedeiro, desenvolvimento de novos medicamentos e formas de intervenção que substituam os métodos atuais de controle desse parasita.