Padrões temporais da atividade locomotora e de temperatura corporal em situações de desafios energéticos: uma abordagem em campo e em laboratório

Resumo

São cada vez mais frequentes relatos de discrepância entre os padrões diários de atividade em laboratório e em campo. Esses estudos sugerem que existem fatores do campo que não são reproduzidos em laboratório e que poderiam ter um papel fundamental na alocação temporal dos processos biológicos. Recentemente, foi proposto que a disponibilidade de alimento seria uma das diferenças fundamentais entre campo e laboratório que podem alterar o padrão de atividade. Em laboratório os animais são alimentados ad libitum, enquanto na natureza necessitam dispender energia com forrageamento para alimentar-se. As evidências que suportam essa proposta provêm de estudos que, ao simular, em laboratório, a necessidade de esforço para a obtenção de alimento, relatam o aumento da atividade diurna em camundongos previamente noturnos. Esses resultados deram origem à hipótese termo-energética, que sugere que a atividade diurna fornece uma contrapartida ao alto custo energético do forrageamento, permitindo que o animal repouse durante as horas mais frias da noite. Isso permitiria economia de energia em termos dos custos com a termorregulação, pois os animais em repouso podem adotar posturas que aumentam sua insulação e abrigar-se em tocas nas quais as temperaturas são mais altas do que na superfície. Além disso, também economizariam energia ao manter sua temperatura corporal mais baixa durante a noite. O objetivo desse projeto é investigar dois fatores importantes para a validação dessa hipótese. Em primeiro lugar, o protocolo de esforço pelo alimento será repetido a temperaturas ambientes altas, situação na qual a atividade diurna não geraria economia de energia. Em segundo lugar, será investigado o padrão de temperatura corporal de animais sujeitos a restrição alimentar em campo, a fim de verificar se eles se utilizam do torpor para lidar com desafios energéticos na natureza. (AU)