A dimensão acústica das comunidades biológicas: Processos estruturantes Evolutivos e Ecológicos

Resumo

Sinais acústicos são amplamente empregados em interações envolvendo o emissor e seus receptores. O ruído de fundo oriundo de múltiplas fontes pode afetar a detecção do sinal por meio de interferência e confusão acústica e assim causar efeitos negativos no fitness de uma espécie. Devido ao importante papel da comunicação acústica mediando competição e reprodução, o padrão de deslocamento de caracteres pode emergir pelo papel do ruído de fundo como pressão seletiva. Dessa forma, espécies tenderiam a particionar o espaço acústico nas dimensões temporal e/ou espectral de forma a minimizar a sobreposição de seus sinais. Além disso, a estrutura ambiental pode atuar como um filtro para a propagação do sinal, levando a convergência de características acústicas. Outra potencial fonte de convergência dos sinais acústicos é por meio da interação de espécies em redes de comunicação, especialmente entre espécies ecologicamente similares. Para elucidar o papel destes processos estruturando o espaço acústico de comunidades, nós propomos utilizar comunidades de anuros no Pantanal. Nós esperamos uma combinação da estrutura acústica e filogenética para cada cenário: i) a partição do espaço acústico resulta em alta variabilidade acústica e baixa similaridade filogenética na comunidade, ii) a adaptação acústica ao ambiente leva a baixa variabilidade acústica, sem nenhuma expectativa nas relações filogenéticas, iii) a interação de espécies em redes de comunicações resulta em baixa variabilidade acústica e alta similaridade filogenética. Além disso, investigaremos se as diferenças acústicas influenciam a variação na composição de espécies. Nossa proposta é inovadora e adiciona às novas abordagens a respeito de múltiplas dimensões da biodiversidade, a qual nos ajuda no entendimento de como as comunidades naturais são organizadas.