Vírus respiratórios e hemodinâmica pós-operatória em pacientes com comunicações cardíacas congênitas irrestritas: um estudo de coorte prospectivo

• Processo: 23/05841-5
• Modalidade de apoio: Auxílio à Pesquisa - Publicações científicas - Artigo
• Data de Início da vigência: 01 de julho de 2023
• Data de Término da vigência: 31 de dezembro de 2023
• Área do conhecimento: Ciências da Saúde - Medicina - Clínica Médica
• Pesquisador responsável: Antonio Augusto Barbosa Lopes
• Beneficiário: Antonio Augusto Barbosa Lopes
• Instituição Sede: Instituto do Coração Professor Euryclides de Jesus Zerbini (INCOR). Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP). Secretaria da Saúde (São Paulo - Estado). São Paulo , SP, Brasil
• Assunto(s): Vírus sinciciais respiratórios
• Palavra(s)-Chave do Pesquisador: Congenital heart disease | Pediatric cardiac surgery | Pediatric intensive care | Postoperative inflammatory response | pulmonary hypertension | Respiratory Viruses | Cardiologia Pediátrica

Resumo

Fundamento: Anormalidades vasculares pulmonares representam um risco para distúrbios hemodinâmicos graves com risco de vida após o reparo cirúrgico de comunicações cardíacas congênitas (CCCs). No pulmão distal, as pequenas vias aéreas e os vasos compartilham um microambiente comum onde ocorrem interferências biológicas. Como as células respiratórias infectadas por vírus expressam várias moléculas com potencial impacto na remodelação das vias aéreas e vasculares, decidimos testar a hipótese de que pacientes com CCC portadores de genomas virais nas vias aéreas podem ter maior risco de distúrbios hemodinâmicos pulmonares (e sistêmicos) no pós-operatório .Métodos: Sessenta pacientes foram incluídos prospectivamente (idade 11 [7-16] meses, mediana com intervalo interquartil). A relação pressão arterial média pulmonar/sistêmica pré-operatória (PAP/PAS) foi de 0,78 (0,63-0,88). A presença ou ausência de material genético para vírus respiratórios em aspirados nasofaríngeos e traqueais foi investigada no pré-operatório na ausência de sintomas respiratórios usando reação em cadeia da polimerase em tempo real (kit para detecção de 19 patógenos). A reação inflamatória pós-circulação extracorpórea (CEC) foi analisada pela dosagem sérica de 36 proteínas inflamatórias (immunoblotting) 4 horas após seu término. A hemodinâmica pós-operatória foi avaliada por meio do registro contínuo de PAP e PAS com cálculo da relação PAP/SAP.Resultados: Os genomas virais foram detectados na nasofaringe e na traqueia em 64% e 38% dos pacientes, respectivamente. O rinovírus foi o agente mais prevalente. A presença de genomas virais na traqueia foi associada a um deslocamento ascendente da curva PAP pós-operatória (p=0,011) com PAP/SAP de 0,44 (0,36-0,50) em pacientes positivos versus 0,34 (0,30-0,45) naqueles que foram negativos (p=0,008). A presença ou ausência de genomas virais na nasofaringe não ajudou a prever a hemodinâmica pós-operatória. A PAP/SAP pós-operatória foi positivamente correlacionada com os níveis pós-CEC de antagonista do receptor de interleucina-1 (p=0,026), fator inibidor da migração de macrófagos (p=0,019) e proteína quimioatraente de monócitos-1 (p=0,031), particularmente em pacientes com vírus positivos em aspirados traqueais.Conclusões: Pacientes com CCCs portadores de genomas virais respiratórios em vias aéreas inferiores apresentam maior risco de hipertensão pulmonar pós-operatória, merecendo atenção e cuidados especiais. A exposição pré-operatória a vírus respiratórios e a reação inflamatória pós-CEC parecem desempenhar um papel combinado na determinação do comportamento pós-operatório da circulação pulmonar. (AU)