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Sobre elegância e decadência: urbanização e relações raciais no debate público sobre a Rua Direita, São Paulo (1930-1950)

Processo: 24/06645-8
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Pós-Doutorado
Data de Início da vigência: 01 de julho de 2025
Data de Término da vigência: 30 de junho de 2028
Área de conhecimento:Ciências Sociais Aplicadas - Arquitetura e Urbanismo - Fundamentos de Arquitetura e Urbanismo
Pesquisador responsável:Matheus Gato de Jesus
Beneficiário:Renata Monteiro Siqueira
Instituição Sede: Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (CEBRAP). São Paulo , SP, Brasil
Assunto(s):Áreas centrais   História urbana   Política urbana   Século XX
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Áreas Centrais | História Urbana | Politica Urbana | século XX | Sociabilidades negras e racismo | História Urbana

Resumo

Em perspectiva interdisciplinar, este projeto de pesquisa investiga os processos de racialização e de formação racial - seguindo a conceituação do sociólogo Antônio Sérgio Guimarães - constitutivos das transformações urbanas no centro de São Paulo entre os anos 1930 e 1950. Nos anos 1960, tais transformações culminariam no fenômeno que passaria a ser designado pelo termo nativo de "decadência". Retrocedendo no tempo, interpelarei como raça, classe, gênero e geração se articularam para conferir sentido às noções de "elegância" e "decadência", tão importantes na ordenação do debate público sobre o centro de São Paulo e na enunciação das disputas por aquela área. Os marcos temporais se justificam pela coincidência entre investimentos públicos e privados em prol da consolidação de um "novo" centro, a oeste do vale do Anhangabaú, e a formação de uma sociabilidade negra no "triângulo" que conforma o núcleo original da cidade. Elegi, como caso de estudo, a rua Direita, cujo imaginário se assenta no contraste entre a "elegância" pretérita de suas edificações, lojas e público e a "decadência" física e social que a teria sucedido a partir de 1930. Essa rua também se notabilizou pela concentração de pessoas negras, vinculadas à prática social do footing, suscitando episódios de discriminação racial registrados, em perspectivas distintas, na imprensa de grande circulação, na imprensa negra, nas memórias de militantes e nos estudos sobre relações raciais no período, entre os quais se destacou o Projeto Unesco, coordenado pelos sociólogos Roger Bastide e Florestan Fernandes, nos anos 1950. Embora simultâneos no tempo e no espaço, as relações entre a "decadência" do centro e os conflitos raciais na rua Direita não foram analisadas. Parto da hipótese de que tais conflitos se inscreveram no esforço de reconfigurar as hierarquias sociais na área central, em especial por parte de agentes que viam suas propriedades ou pontos comerciais se desvalorizarem. Procedendo ao cruzamento de fontes relativas à política urbana e ao debate público sobre o centro com outras menos exploradas pela historiografia urbana, como a imprensa negra e os acervos intelectuais de estudiosos das relações raciais do período, a pesquisa revisitará criticamente uma interpretação da urbanização centrada exclusivamente na categoria classe. Ademais, reconstituirá, a partir de fontes primárias, as sociabilidades negras e conflitos raciais na rua Direita, um episódio que, a despeito de sua forte carga simbólica, tanto para movimentos negros como no debate acadêmico sobre relações raciais em São Paulo, ainda não foi objeto de estudos específicos.

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