Impacto de ácidos graxos saturado na reativação de retroelementos endógenos durante a dermatite atópica.

• Processo: 25/05032-5
• Modalidade de apoio: Bolsas no Brasil - Iniciação Científica
• Data de Início da vigência: 01 de junho de 2025
• Data de Término da vigência: 31 de maio de 2026
• Área de conhecimento: Ciências Biológicas - Imunologia - Imunologia Celular
• Pesquisador responsável: Djalma de Souza Lima Júnior
• Beneficiário: Lucas Fernandes Alves da Silva
• Instituição Sede: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP). Universidade de São Paulo (USP). Ribeirão Preto , SP, Brasil
• Vinculado ao auxílio: 23/09270-2 - Decifrando o papel dos retrovírus endógenos no controle da imunidade do tipo 2, AP.JP
• Palavra(s)-Chave do Pesquisador: atopic dermatitis | Endogenous retrovirus | high fat diet | Tissue-specific Immunity | Type 2 immunity | Imunologia

Resumo

A obesidade e dietas ricas em lipídios, têm sido associadas ao aumento da prevalência e gravidade de doenças alérgicas em todo o mundo, como asma e a dermatite atópica. Descobertas recentes sugerem que um importante fator para essa condição está relacionado ao tipo de ácido graxo ingerido e não somente a quantidade. A dieta ocidental, rica em ácidos graxos saturados, como o ácido palmítico, estimula à ativação de respostas imunes que promovem a produção de citocinas pró-inflamatórias, intensificando a inflamação. No entanto, o impacto do consumo de lipídeos na inflamação da pele ainda é pouco estudado. Apesar disso, foi descoberto que camundongos alimentados com dietas ricas em lipídeos e suplementação oral com ácido palmítico, apresentaram um aumento na expressão de retrovírus endógenos (ERVs) na pele assim como um aumento na acumulação de células T e alta proliferação de queratinócitos, sugerindo uma ligação entre o consumo de lipídeos e a reativação dos ERVs, o que promove uma resposta inflamatória. Retrovírus endógenos são elementos virais ancestrais que, ao longo da evolução, foram incorporados ao genoma humano e permanecem silenciosos sob condições normais. No entanto, em situações de inflamação crônica ou outros estímulos ambientais, esses elementos podem ser reativados, aumentando sua expressão. Essa reativação dos ERVs tem sido associada à modulação de respostas imunes, desempenhando um papel crucial na patogênese de diversas doenças, como distúrbios autoimunes, câncer, e condições inflamatórias cutâneas. A reativação dos ERVs pode contribuir para a ativação de células imunes e a produção de citocinas pró-inflamatórias, exacerbando processos inflamatórios e levando ao agravamento de doenças imunológicas. No entanto, pouco se sabe sobre o papel dos ERVs em inflamações alérgicas, bem como sua contribuição na exacerbação desses processos inflamatórios em contextos de alimentação com dietas ricas em gorduras. O objetivo deste projeto é investigar como a dieta rica em ácidos graxos saturados, especificamente ácido palmítico e mirístico, influencia na reativação dos ERVs e nas respostas imunológicas associadas à inflamação da pele em um contexto de dermatite atópica. Para isso avaliaremos o efeito desses ácidos graxos na expressão dos ERVs, estimulando linhagens primárias de queratinócitos de camundongos e humanos com esses ácidos graxos, avaliando a reativação dos ERVs por citometria de fluxo e qRT-PCR, assim como a consistência desses efeitos em modelos tridimensionais (3D) de pele humana. Em seguida será caracterizado o perfil de expressão dos ERVs em camundongos alimentados com uma dieta enriquecida com ácido palmítico. Após isso, aplicaremos uma pomada contendo extrato de Dermatophagoides farinae (HDM) para induzir dermatite atópica, utilizando citometria de fluxo e qRT-PCR para analisar a expressão dos ERVs. Por fim, investigaremos como a ativação dos ERVs influencia a resposta imunológica na dermatite atópica no contexto de uma dieta rica em ácido palmítico. Para isso, utilizaremos coquetéis antiretrovirais para inibir a transcrição reversa em camundongos com dermatite atópica submetidos a essa dieta. Posteriormente, por meio de ensaios imunológicos, analisaremos os perfis de citocinas, a composição e ativação das células imunológicas, além da expressão gênica. Acreditamos que este projeto trará avanços significativos na compreensão dos fatores que regulam a imunidade tecidual e a inflamação, além de evidenciar os potenciais riscos do consumo excessivo de dietas ricas em lipídios-seja por meio da alimentação ou de suplementos-no desenvolvimento de distúrbios cutâneos. (AU)