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Análise Comparativa entre os Manuscritos e o Texto Publicado d'O Mito do Estado de Ernst Cassirer

Processo: 25/10276-0
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Iniciação Científica
Data de Início da vigência: 01 de agosto de 2025
Data de Término da vigência: 31 de julho de 2026
Área de conhecimento:Ciências Humanas - Filosofia
Pesquisador responsável:Rafael Rodrigues Garcia
Beneficiário:Vinícius Muniz de Almeida
Instituição Sede: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Campinas , SP, Brasil
Vinculado ao auxílio:22/03210-5 - O programa filosófico tardio de Ernst Cassirer: o legado do simbólico na construção do mundo comum, AP.PNGP.PI
Assunto(s):Georg Wilhelm Friedrich Hegel   Manuscritos   Filosofia política
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Cassirer | Formas simbólicas | Hegel | manuscrito | Mito do Estado | Mito Político | Filosofia Política

Resumo

Este projeto investiga as divergências entre os manuscritos originais (1944-1945) e a edição póstuma publicada em 1946 do livro O Mito do Estado de Ernst Cassirer, último trabalho do filósofo, concluído pouco antes de sua morte em 1945. A existência de duas versões do texto - os manuscritos autógrafos deixados por Cassirer e a edição preparada por Charles W. Hendel para a Yale University Press - decorre das circunstâncias específicas da publicação: enquanto os manuscritos representam o desenvolvimento orgânico do pensamento cassireriano em seus últimos anos, a edição póstuma sofreu intervenções editoriais, particularmente na terceira parte intitulada O Mito do Século XX, onde se concentram não apenas as críticas de Cassirer ao pensamento político moderno, mas especialmente sua análise da relação entre o sistema hegeliano e o ressurgimento do mito na política contemporânea. Essas diferenças entre as versões tornam relevante o exame comparativo, que busca compreender como as escolhas editoriais podem ter afetado a apresentação das ideias finais de Cassirer sobre o papel do mito nas crises civilizacionais do século XX.O prefácio da edição publicada em 1946, redigido por Charles W. Hendel, afirma que o texto foi mantido "praticamente como foi escrito", limitando-se a cortes pontuais de passagens consideradas sem embasamento suficiente. No entanto, o próprio Hendel admite que a Parte III - que contém discussões centrais sobre filosofia política moderna - foi editada sem a revisão final de Cassirer e passou por ajustes significativos, inclusive com intervenção de terceiros no capítulo XVII da terceira parte, dedicado a Hegel. Essa aparente contradição entre a afirmação de fidelidade ao original e as alterações efetivas sugere que o processo editorial pode ter sido mais complexo do que o declarado.Os manuscritos, conforme apontam pesquisadores como Christian Möckel e John Michael Krois, já apresentavam anotações editoriais indicando trechos problemáticos ou incompletos, particularmente nas seções que vinculam a dialética hegeliana aos processos de mitificação política, o que pode ter motivado intervenções além de meros ajustes linguísticos. Além disso, o fato de Cassirer ter escrito os manuscritos em inglês - não sendo sua língua materna - pode ter levado a ajustes linguísticos que, em alguns casos, ultrapassaram questões de estilo e atingiram nuances conceituais.A pesquisa busca mapear essas divergências, priorizando três eixos: (1) a natureza e extensão das alterações na Parte III, com especial atenção às modificações na análise cassireriana sobre Hegel; (2) as possíveis discrepâncias entre as justificativas editoriais e as mudanças efetivamente realizadas; e (3) o impacto dessas intervenções na interpretação do pensamento cassireriano sobre o mito político e sua controvérsia com a filosofia da história hegeliana. Um aspecto crucial será verificar como as edições afetaram a tese de Cassirer sobre a transformação de conceitos filosóficos hegelianos em instrumentos de mitologia política no século XX. A análise dos manuscritos, combinada com a revisão do contexto editorial - incluindo as limitações impostas pelo cenário pós-guerra e a ausência de Cassirer na fase final de preparação do texto -, oferece uma base para avaliar até que ponto a edição publicada reflete integralmente suas intenções teóricas no debate com a tradição hegeliana. (AU)

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