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Comum-ismos na Amazônia: um estudo da ONG Casa do Rio e seus desdobramentos

Processo: 25/15401-8
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Mestrado
Data de Início da vigência: 01 de setembro de 2025
Data de Término da vigência: 31 de agosto de 2027
Área de conhecimento:Linguística, Letras e Artes - Artes
Pesquisador responsável:Christine Greiner
Beneficiário:Thiago Cavalli Azambuja
Instituição Sede: Faculdade de Filosofia, Comunicação, Letras e Artes. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). São Paulo , SP, Brasil
Vinculado ao auxílio:25/01865-2 - Laboratório de Experiências para Co-Imaginar Mundos: Comum-ismos, Compostagens Anárquicas e outras Semeaduras, AP.R
Assunto(s):Ativismo   Biopolítica
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Arte | Ativismo | Biopolítica | Casa do Rio | Comum-ismos | Ativismos Artísticos

Resumo

O objetivo deste projeto de mestrado é cartografar, analisar e documentar experiências realizadas na Amazônia brasileira, que acionam o que Pascal Gielen chama de comum-ismo. Selecionamos como objeto de estudo a Casa do Rio, instituição não governamental (ONG) sem fins lucrativos, fundada por mim em 2014 e que atua na Amazônia rural, mais precisamente nos entornos do município do Careiro-AM. Além de documentar a sua trajetória, a proposta é apresentar as recentes interlocuções entre as atividades da Casa e o trabalho realizado pelo Centro de Medicina Indigena - Bahserikowi, localizado na zona urbana de Manaus-AM. O fundador deste Centro, Prof. Dr. João Paulo Barreto é indígena do povo Tukano e um profícuo pesquisador e ativista que analisa os conceitos de corpo e imagem na região do Altorionegrino, assim como, os seus impactos nas práticas da Medicina e do cotidiano. Tanto a Casa do Rio, como o Centro de Medicina têm testado a emergência de comum-ismos a partir de seus trabalhos com as comunidades indígenas e ribeirinhas, atuando também nas relações entre pessoas indígenas e não indígenas. Em termos de fundamentação teórica, Gielen usa o termo comum-ismo, para se referir à ideologia política de uma sociedade possível imaginada que assume igualdade, cooperação, solidariedade e reciprocidade como elementos indispensáveis para qualquer sociedade, focando nas relações sociais. O termo teve origem na Inglaterra medieval, onde o conceito de comum se referia aos recursos manejados e compartilhados por todos os membros de uma comunidade, visando garantir o seu modo de vida. Mais tarde, esse conceito foi enriquecido por acadêmicos e ativistas como Peter Linebaugh, David Boller e Silke Helferich que expandiram a discussão para práticas sociais, além de outros valores culturais. Dockx e Gielen (2018) argumentam que cultura, arte e estética são elementos norteadores dos comum-ismos, enquanto a comunidade opera no sentido de manter uma coesão social e sustentar um sentimento integrador do que seríamos nós. Para criar dentro da comunidade algo que pudesse fornecer elementos para imaginar novas possibilidades de existência a partir da arte, o nosso primeiro movimento foi construir coletivamente uma casa: a Casa do Rio. Neste espaço, buscamos gerar confluências, como sugere Antonio Bispo (2023 p. 9). Reunimos pessoas da comunidade, artistas, educadores, pensadores, entre outros. Como defende Gielen, o cosmolocalismo combina o melhor dos dois mundos, conhecimento local, espírito comunitário, orientação internacional e uma visão de mundo inclusiva (2024 p.172). A proposta deste mestrado é, portanto, analisar as práticas de construção do comum, partindo do conceito proposto por Pascal Gielen, mas analisando a atuação da Casa do Rio e do Centro de Medicina Indígena a partir de saberes locais. Não se trata da mera aplicação de uma teoria concebida na Europa, mas sim, de observar atravessamentos entre algumas questões, no sentido de ativar movimentos, tanto no âmbito teórico como nos experimentos práticos. Durante a pesquisa e na interlocução com os convidados do projeto de auxílio regular da Fapesp, começaremos também a cultivar a proposta de uma residência artística na região próxima ao rio Tupana, de modo a testar, mais especificamente, a potência da arte no processo de ativação fabulatória do comum. Neste sentido, bibliografias voltadas para as práticas fabulatórias e artisticidades também devem ser analisadas durante a pesquisa, com destaque para a obra de Erin Manning, The Minor Gesture (2021) e alguns fragmentos do livro de Greiner, Corpos Crip, instaurar estranhezas para existir (2023). (AU)

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