Busca avançada
Ano de início
Entree

A mitopoiesis da canção na obra de João Guimarães Rosa

Processo: 98/01884-8
Modalidade de apoio:Bolsas no Brasil - Doutorado
Data de Início da vigência: 01 de setembro de 1998
Data de Término da vigência: 31 de agosto de 2002
Área de conhecimento:Linguística, Letras e Artes - Letras - Literatura Brasileira
Pesquisador responsável:Olga de Sá
Beneficiário:Gabriela Frota Reinaldo
Instituição Sede: Programa de Estudos Pós-Graduados em Semiótica. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). São Paulo , SP, Brasil
Assunto(s):Linguagem   Mitologia   Oralidade   Semiótica
Palavra(s)-Chave do Pesquisador:Linguagem | Literatura | Mitologia | Narratividade | Oralidade | Semiotica

Resumo

Tal como conta o mito de Babel, Deus castigou a desmesura dos homens confundindo-lhes a língua. A linguagem edênica era natural e sagrada. O ato da evocação era um ato criador: a nomeação adâmica instituía presentificava. Em Babel, o Criador fende a ligação natural entre som e sentido, entre nome e imagem, entre ser e palavra. Por figuras de metáfora, o mito fala da convenção da linguagem. O nome, agora profanado e arbitrário, corre o risco de ser banalizado e de sucumbir a "não representação". No sentido heideggeriano, a palavra não "diz mais o ser". Há em Rosa a nostalgia do nome: uma busca arquetípica da linguagem poética - a palavra que possuía, no tempo mítico, original e sagrado, o poder adâmico de nomear, revelar e tomar presente. Na Teogonia de Hesíodo o poder ontofânico das Musas (palavra que em grego significa palavra cantada) é o que permite a plena nomeação. No pensamento mitopoético a canção é a chave da memória mítica: os aedos inspiram aos poetas as realidades originais. Quando o poeta-adivinho, file, exerce suas funções, o faz pelo canto. Em Édipo Rei, a Esfinge é a cruel cantora - é o canto que guarda e apresenta o enigma do homem ao homem. No mito das sereias e na lira de Orfeu é o som hipnótico, sem a materialidade da palavra, que gera a significação. Na obra de João Guimarães Rosa, a canção também possui a mesma dimensão mitopoética de evocar, transmudar, deflagrar a realidade. (AU)

Matéria(s) publicada(s) na Agência FAPESP sobre a bolsa:
Mais itensMenos itens
Matéria(s) publicada(s) em Outras Mídias ( ):
Mais itensMenos itens
VEICULO: TITULO (DATA)
VEICULO: TITULO (DATA)